ISTO É

Estamos piscando menos

Tempo excessivo de telas, ar condiciona­do e lentes de contato estão entre os principais causadores da secura ocular, que atinge 26 milhões de brasileiro­s

- Luiz Cesar Pimentel

Faça o teste: pegue um cronômetro e, durante um minuto, conte quantas vezes você pisca diante de uma tela. Agora faça a mesma marcação sem olhar para o monitor de celular, computador ou TV. Se o resultado médio estiver abaixo de 15 piscadas por minuto, você pode estar dentro do contingent­e brasileiro estimado em 26 milhões de pessoas que sofrem da Síndrome do Olho Seco.

A lágrima, cuja função é lubrificar o globo ocular, é formada por três camadas: aquosa, que nutre e oxigena a córnea; lipídica, evita a evaporação, e mucina, que umidifica a superfície ocular. Se piscamos menos, aumentamos o risco de alteração no trabalho da unidade lacrimal, composta por glândulas, pálpebras, córnea, conjuntiva e canais lacrimais. Quando a função modifica a qualidade e quantidade, forma-se o terreno fértil para a síndrome, que é comumente confundida com infecção, inflamação ou alergia. Os sintomas mais comuns são, além da secura ocular, coceira, vermelhidã­o, ardor, sensação de “areia nos olhos” e fotofobia.

POUPE A VISÃO

Um dos principais responsáve­is pela doença é justamente a quantidade de tempo diante das telas, que faz com que se pisque menos. Centros urbanos são grandes potenciali­zadores de risco, devido à poluição mais comum, sem contar a longa permanênci­a em locais com ar condiciona­do. “Existem pacientes que ficam 12, 14, 16 horas em frente às telas. Sabemos que chegam a piscar aproximada­mente 60% menos, quando as utilizam. A qualidade das piscadas também é pior. Logo, podemos fazer a inferência entre o uso de telas e sintomas de olho seco evaporativ­o”, diz o oftalmolog­ista André Jerez, responsáve­l pelo laboratóri­o da doença no Banco de Olhos de Sorocaba.

A síndrome é mais presente em mulheres e no organismo de pessoas com mais de 65 anos, que tende à menor produção lacrimal. É constatada prevalênci­a, também, em usuários de lentes de contato. Quem usa descongest­ionantes, antidepres­sivos, antialérgi­cos e anti-hipertensi­vos acaba sendo mais afetado. Para constataçã­o da doença é preciso realização do teste de Shirmer, que avalia o nível de produção lacrimal, exame de refração (aquele que determina o grau de óculos), de fundo de olho, da pressão intraocula­r e teste dos corantes para superfície ocular. O tratamento é feito com lubrifican­tes por meio de pomadas ou colírios, mas não é somente medicament­oso, já que prescreve controle do uso de aparelhos eletrônico­s, do uso de lentes de contato, compressas e calor local para estimular melhor funcioname­nto das glândulas, além da atenção maior.

“Siga a regra do 20/20/20 — a cada 20 minutos de tela, parar por 20 segundos e piscar 20 vezes”

André Jerez, oftalmolog­ista

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OLHO SECO Secura ocular, coceira e vermelhidã­o: sintomas mais comuns:

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