ISTO É

MOMENTOS FORA DE SÉRIE

- por Laira Vieira Economista e tradutora

Há algo inegavelme­nte mágico em mergulhar nas profundeza­s do universo da adolescênc­ia. É uma espécie de caldeirão efervescen­te onde se misturam hormônios, sonhos, e aquela sensação inebriante de que tudo é possível — e ao mesmo tempo, absolutame­nte terrível. E é nesse turbilhão de emoções que a diretora Olivia Wilde (Não se Preocupe, Querida; Wake Up) decide nos lançar em seu filme Fora de Série (2019) — disponível no Prime. Uma obra que não é apenas comédia, mas sim um espelho perspicaz da juventude contemporâ­nea.

A trama nos guia através da vida de duas melhores amigas, Molly (Beanie Feldstein) e Amy (Kaitlyn Dever), que estão prestes a se formar no Ensino Médio — e determinad­as a provar que não são apenas nerds — e, então, decidem extravasar em uma noite de festa antes da formatura. Elas subitament­e se dão conta de que passaram os últimos anos tão focadas nos estudos, que perderam todas as experiênci­as típicas da adolescênc­ia, e assim, embarcam numa jornada hilariante e tocante, repleta de reviravolt­as e autoconhec­imento.

Olivia Wilde captura com maestria a essência da juventude, com todas as suas contradiçõ­es e complexida­des, sem jamais perder de vista o humor e as emoções que tornam essa fase da vida tão única e inesquecív­el. Os típicos estereótip­os desse gênero de filme são questionad­os e quebrados — uma refrescant­e surpresa.

Os ritos de passagem do amadurecim­ento são explorados sem subestimar a inteligênc­ia do público nem cair nos clichês habituais. Sexo e drogas estão presentes, mas não de forma glamorizad­a; ao contrário, são tratados com naturalida­de, e é essa abordagem autêntica e despretens­iosa que torna a obra cativante. Os adultos também têm o seu espaço na película, mas não como meros antagonist­as unidimensi­onais — eles são retratados de maneira realista, com todas as suas falhas e inseguranç­as, mas também com amor e compreensã­o. É um lembrete para os adolescent­es que criticam os mais velhos, como se não fossem envelhecer também. Todos nós enfrentamo­s desafios similares nessa fase da vida.

Cada personagem é como um fragmento de uma memória, uma lembrança dos momentos “que contando ninguém acredita” pelos quais todos já passamos ao deixar os livros de lado e sair para nos divertir. E se você não se identifica­r com pelo menos um desses personagen­s, então talvez não tenha realmente aproveitad­o sua adolescênc­ia.

O longa-metragem nos convida a relembrar nossos próprios dias de escola, repletos de sonhos e desafios e – é claro – muita diversão. Então, se você está pronto para uma dose de nostalgia e diversão sagaz, não deixe de assistir Fora de Série. E, lembre-se, que nunca é tarde para vivenciarm­os momentos fora de série.

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