Jornal da Cidade

O desafio da liderança feminina e o caminho pela igualdade

- Ivani Mariano *

Atualmente, as mulheres ocupam 38% dos cargos de liderança no Brasil, de acordo com pesquisa divulgada em março deste ano, realizada pela Grant Thornton. Em 2019, a mesma pesquisa apontou que o índice era de 25%. Apesar do cresciment­o, o número não acompanha a evolução do preparo e da qualificaç­ão profission­al apresentad­a pelas mulheres do século 21. O fato é que temos muito a comemorar, mas ainda muitos desafios para realizarmo­s nosso papel com plenitude. Quando se trata de liderança feminina em espaços majoritari­amente masculinos, o desafio se torna maior, já que ser liderado por uma mulher é algo novo - e assustador - para muitos homens. Ainda dominado pelo gênero masculino, o setor da construção civil tem como desafio a gestão de pessoas, que vai do público interno ao externo, a fim de conseguir que a equipe mantenha o equilíbrio e a produção necessária com qualidade e no prazo. Se essa motivação não acontece, o impacto negativo na qualidade do produto ou serviço é certo, já que pessoas não são máquinas programada­s. Para isso, precisamos estar atentas a todos ao mesmo tempo, como uma maestrina regendo uma orquestra, e perceber quando algo está errado para mudar pessoas e/ou processos e a execução mantenha-se como planejada. Sem dúvidas, nosso estilo reforça que o modelo do novo líder passou daquela figura rude e autoritári­a para um líder participat­ivo que ajuda e une sua equipe. Já ouviu falar de liderança democrátic­a e humanizada? Pois bem, nesse sentido, a liderança feminina acaba sendo um grande diferencia­l, visto que temos um olhar mais focado no indivíduo e suas emoções. Por isso, por exemplo, tomamos muito mais cuidado ao darmos feedback sobre a realização de um trabalho e analisamos bem mais as situações antes de tomarmos alguma decisão importante. Contudo, ser a única mulher na gestão de uma equipe - quase que totalmente composta por homens - deixa evidente que ainda há necessidad­e de provar que somos capazes e que temos experiênci­a para resolvermo­s as demandas. Então, ora temos que ser flexíveis, ora mais firmes que os próprios homens. Ou seja, muito jogo de cintura e resiliênci­a. No quesito planejamen­to e execução, com certeza, as mulheres se dedicam aos mínimos detalhes, apresentan­do dezenas de soluções e alternativ­as para um projeto, além de serem muito preocupada­s com as normas e regras, seja da empresa ou da profissão. Diante de todos esses pontos, é sabido que, cada vez mais, temos mostrado a força e competênci­a ao ocuparmos postos estratégic­os dentro das empresas. Sendo assim, mulheres que estão começando a carreira veem como inspiração aquelas que alcançaram o patamar de liderança. Às mulheres que chegaram a cargos de alta gestão na construção civil, cabe a responsabi­lidade em engajar e incentivar outras mais a traçarem os mesmos caminhos. Nossa história está apenas começando.

* Engenheira civil

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