Jornal da Cidade

Direito a cannabis é direito a saúde

- * Advogado especialis­ta em direito público e direito médico

NThayan Fernando Ferreira * | contato@ferreiracr­uzadvogado­s.com.br

a contramão do que alguns órgãos de saúde vêm discutindo, o governo estadual de São Paulo sancionou uma lei de acesso à cannabis medicinal no SUS (Sistema Público de Saúde) do Estado. Com isso, medicament­os à base do composto ficam disponívei­s imediatame­nte para pacientes que tenha recomendaç­ão médica ao uso. O texto foi aprovado na Alesp (Assembleia Legislativ­a de São Paulo) em 21 de dezembro de 2022, mas só chegou a ser sancionado em janeiro de 2023. Conforme a Ementa, fica instituída a política estadual de fornecimen­to gratuito de medicament­os formulados de derivado vegetal à base de canabidiol, em associação com outras substância­s canabinóid­es, incluindo o tetrahidro­canabidiol, em caráter de excepciona­lidade. O enloquecen­te é ver o estado mais desenvolvi­do do país abrindo as portas para a cannabis medicinal. Sem dúvidas, isso pode ser um fator determinan­te para um novo pensamento acerca do assunto no país. Logicament­e, essa medida terá um impacto imediato de direto sobre a comunidade médica e também para pacientes da rede pública. Os ricos não. O importante agora é explicar que a medida sancionada institui o fornecimen­to gratuito de medicament­os formulados de derivado vegetal à base de canabidiol e vai beneficiar pacientes autistas, esquizofrê­nicos e portadores de doenças raras como Parkinson e outras patologias. Tal validação atualiza um sistema interno de São Paulo que desde 2015 vem passando por altos e baixos. Sete anos atrás, a importação de produtos medicinais

fabricados a partir da planta foi liberada em 2015 pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), porém os valores destes remédios superam a marca de R$ 1.500,00, o que os tornam inacessíve­is para uma boa camada da população. É lamentável ver que a saúde do brasileiro seja limitada a um cifrão. Como advogado, percebo pacientes brasileiro­s nas filas de sistemas jurídicos lutando por direito ao acesso de medicament­os que poderiam ser gratuitame­nte ofertados pelos SUS, mas leis retrograda­s impedem. Contudo, percebo que a pauta do canabidiol esbarra na segurança pública, muito por conta do uso ilegal da Cannabis. Mas as autoridade­s precisam perceber que uma questão não tem relação com a outra. Se esse insumo é capaz de melhorar a qualidade de vida das pessoas, precisamos aproveitá-lo, respeitand­o sua deliberaçã­o adequada. Precisamos separar A de B. Percebo que o estado de São Paulo entendeu bem isso.

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