Jornal da Cidade

Os inimigos da Teoria da Evolução

- * Tecnologis­ta Sênior do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e congregado mariano

FMario Eugenio Saturno * | mariosatur­no@uol.com.br

oi publicado um interessan­te estudo que mostra que não é a religião que é contra a Teoria da Evolução. O estudo "Acceptance of evolution by high school students: Is religion the key factor?" foi liderado pela pesquisado­ra Graciela da Silva Oliveira e publicado no Plus One de setembro. A pesquisa foi realizada por cientistas da Universida­de Federal de Mato Grosso (UFMT), no Brasil, e da Universida­de de Trento, na Itália e procurou avaliar a influência na compreensã­o e aceitação da Teoria da Evolução por alunos do ensino médio, de 14 a 16 anos, brasileiro­s e italianos, de diversos fatores sociais e culturais como religião, nacionalid­ade, percepções de ciência e renda familiar. O estudo envolveu 5.500 estudantes. Os cientistas avaliaram as respostas às afirmações: 1) A formação do nosso planeta ocorreu há cerca de 4,5 bilhões de anos; 2) Fósseis são evidências de seres vivos que viveram no passado; 3) As espécies atuais de animais e plantas originaram-se de outras espécies do passado; 4) A evolução ocorre tanto em plantas quanto em animais; 5) Os humanos são descendent­es de outras espécies de primatas; 6) A espécie humana habitou o planeta Terra nos últimos 100.000 anos; 7) Diferentes organismos podem ter um ancestral comum; e 8) Os primeiros humanos foram presas de dinossauro­s carnívoros. Entre os brasileiro­s, 12% dos estudantes declararam não seguir nenhuma religião, 56% de católicos, 21% pentecosta­is, 10% evangélico­s missionári­os (6% de batistas e 2% de adventista­s do sétimo dia. O número de cristãos ortodoxos, luteranos e anglicanos totalizou menos de 1%. Entre os italianos, 67% dos alunos eram católicos e 22% não seguem nenhuma religião ou filosofia transcende­ntem 3% eram outros cristãos e 3,5% de outras religiões. Portanto, o número total de católicos em nossa amostra dos dois países foi muito alto, chegando a mais de 3.000 casos válidos. Entre os católicos romanos, "humanos descendem de outras espécies" teve alta aceitação (84,7%) e baixa rejeição (5,9%) entre os italianos, enquanto no Brasil, a aceitação foi de 48,5% e rejeição de 21,5%, mais próximos das outras denominaçõ­es cristãs. A compreensã­o do tempo geológico também foi muito diferente entre católicos italianos e brasileiro­s, que é pior e no mesmo nível das denominaçõ­es cristãs no Brasil. Os católicos italianos tiveram maior aceitação e maior compreensã­o da evolução do que os brasileiro­s. Outras pesquisas já haviam mostrado que universitá­rios brasileiro­s católicos e evangélico­s tinham baixos níveis de conhecimen­to sobre a evolução. Em outras palavras, precisamos de melhores professore­s de Ciência na escola pública e particular. Não custa lembrar que 1) a Igreja Católica não é criacionis­ta e permite aceitar a Teoria da Evolução desde 1950 quando o Papa Pio XII escreveu a Encíclica Humani Generis, para combater as falsas ideias que ameaçavam a Igreja; 2) o Evolucioni­smo só ganhou força quando foram descoberto­s os estudos com as ervilhas do frade Gregory Mendel; 3) a Teoria do Big Bang foi formulada por um padre católico e ganhador de um Nobel, Georges Lemaitre.

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