Paulista também decide hoje no segundo turno
Em meio à instabilidade que marcou a política local neste ano, eleitores escolherão entre Yves Ribeiro (MDB) e Francisco Padilha (PSB).
Neste domingo (29), pela primeira vez na história, o município de Paulista, localizado na Região Metropolitana do Recife (RMR), realiza um segundo turno nas eleições municipais. A cidade tem população estimada de 334.376 pessoas e 216.859 eleitores aptos a votar.
Os candidatos na disputa são Yves Ribeiro (MDB), de 72 anos, que conseguiu 51.351 votos (34,98%) na primeira etapa do pleito, e Francisco Padilha (PSB), de 39 anos, que obteve 38.372 votos (26,14%). A coligação de Yves é composta pelos partidos MDB, Rede e PV. Seu candidato a vice-prefeito é o empresário Dido Vieira (MDB). Já Padilha conta com doze partidos na coligação: PMN, Patriota, PTC, PSL, PT, PL, PSB, Pros, PSC, Cidadania, PCdoB e DC. Robertinho Couto (PL) é o candidato a vice da chapa.
Mesmo em lados opostos, os candidatos já foram aliados, Padilha trabalhou na gestão de Yves, quando este foi prefeito de Paulista. Além disso, ambos apoiaram o nome de Júnior Matuto (PSB) para ser prefeito de Paulista na eleição de 2012.
Yves Ribeiro governou o município por dois mandatos, entre 2005 e 2012, sendo o primeiro mandato pelo antigo PPS e o segundo pelo PSB, partido que, agora, enfrenta na eleição.
Já Francisco Padilha foi escolhido secretário de Assuntos Jurídicos por Matuto, para seu primeiro mandato, em 2013, e, no segundo mandato, se tornou chefe de gabinete do prefeito. Ele também chegou a ficar responsável pela Secretaria de Políticas Sociais e Esportes por um período em 2019.
Os dois garantem que, pela experiência, têm condições de administrar Paulista pelos próximos quatro anos. “Estou preparado, tenho uma longa história, fui vereador em 1976, duas vezes prefeito de Igarassu, duas vezes de Itapissuma e duas vezes de Paulista”, enumera Yves Ribeiro.
Para o cientista político Hely Ferreira, pelas passagens na administração, Yves já possui um eleitorado que o segue naturalmente. “O candidato Yves Ribeiro tenta ser prefeito mais uma vez e não se pode desconsiderar a força de alguém que já exerceu dois mandatos em um município no cargo do Executivo. Ele tem, naturalmente, os eleitores que o acompanham há muito tempo”, destacou.
Por sua vez, Francisco Padilha disse ter ouvido as pessoas para fazer uma boa gestão. “Estou pronto, pois reunimos 15 anos de experiência na administração pública municipal, trabalhei na gestão de Yves, de Júnior Matuto, sou filho de Paulista, não nascido, mas com oito dias de vida vim morar em Paulista”, afirmou o candidato do PSB.
JÚNIOR MATUTO
Paulista vem passando por instabilidade na administração pública com afastamentos e retornos do atual prefeito Júnior Matuto. No último dia 19 de novembro, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Dias Toffoli determinou a volta de Matuto à prefeitura. É a segunda vez que o STF decide reintegrar o prefeito, depois de afastamentos causados por investigações de crimes como peculato e lavagem de dinheiro.
Hely Ferreira aponta que esse vai e vem de Matuto impacta na candidatura de Padilha. “O PSB, com dois mandatos consecutivos do atual prefeito, tem o seu legado em Paulista. Mas, nos últimos tempos, os afastamentos e retornos do prefeito têm fragilizado, e muito, quem recebe o apoio da atual administração (Padilha). Assim, Yves Ribeiro mantém seu eleitorado e vem colhendo votos dos que estão insatisfeitos com a situação da cidade. Além disso, o PSB precisa se fortalecer na Região Metropolitana, pois o partido não teve sucesso nas eleições em grandes colégios eleitorais. É preciso apostar suas fichas no Recife e em Paulista, neste segundo turno”, destacou.
Na mesma linha, a cientista política Priscila Lapa faz um comparativo entre Paulista e Recife, dois municípios onde o PSB disputa o segundo turno das eleições. “O caminho de Padilha é mais complicado, pois se comparar ao Recife, há um gestor mal avaliado, que pretende fazer o sucessor. Há, então, o desafio de mostrar que é uma continuidade, mas tentando se diferenciar, dizendo que os erros do prefeito são do prefeito. Ele (Padilha) destaca a experiência e tenta se credibilizar, mas num cenário de desgaste. Em Paulista, envolve a questão judicial e no Recife, tem a questão dos respiradores, mas que implicou secretários e não diretamente o prefeito (Geraldo Julio), que não foi afastado. Em Paulista, há um prefeito que é afastado, recorre e volta, criando o elemento da insegurança nas pessoas e isso pesa de forma mais expressiva contra Padilha”, disse.
Por outro lado, a especialista destaca que a campanha de Francisco Padilha vem conseguindo colar em Yves a imagem de “forasteiro”, mesmo tendo governado a cidade por duas vezes, mas sendo natural de Igarassu. “Yves é muito popular, mas o fato de não ser do município pesa contra ele e as pessoas têm a desconfiança de que ele trará pessoas de fora para os cargos da prefeitura. Nestes municípios mais provincianos, essa questão traz desconfiança nas pessoas, tanto que é o mote de campanha de Padilha. Ele aponta que Yves não olharia para a cidade como alguém de dentro”, comentou. “Yves também não tem o perfil da nova política e Padilha usa isso, dizendo que ele representa o velho, e não é só idade, é o estilo de fazer política. Ainda assim, isso não é de todo ruim para Yves, pois ele tem a vantagem de ser experiente, sabe o que está fazendo para restaurar a ordem, em contexto de terra devastada, alguém que domina a cena política se torna mais tranquilo ao eleitor”, completou Priscila Lapa.
Yves Ribeiro e Francisco Padilha buscam de descolar do prefeito Júnior Matuto
DEBATE
Na última semana antes da definição de quem será o prefeito, Yves Ribeiro e Francisco Padilha ficaram frente a frente no debate promovido pela Rádio Jornal. E o candidato do MDB não perdeu a chance de questionar o adversário sobre o sentimento que ele tem ao representar a atual gestão do município, cujo prefeito já foi afastado do cargo por três vezes. “Paulista está passando por um momento difícil, com presença nas páginas policiais”, disse o Yves. Ao responder a pergunta, Padilha tentou se descolar do prefeito Júnior Matuto. “O problema que ele tem pra resolver, ele que resolva. Padilha é Padilha. Matuto é Matuto”, afirmou.