Jornal do Commercio

Pela primeira vez PT fica sem capitais

Com derrota de Marília Arraes no Recife, partido amarga o primeiro pleito desde 1985 sem conquistar nenhuma das capitais do País.

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SÃO PAULO — Com a derrota de Marília Arraes no Recife e João Coser em Vitória, o PT termina as eleições 2020 sem comandar, pela primeira vez na história, uma capital do País. A primeira vitória, em Fortaleza (CE), com Maria Luiza Fontenele, foi em 1985.

A notícia aprofunda a perda de relevância do partido nas eleições municipais. Até hoje, 2016 havia sido o pior pleito do PT na conquista de prefeitura­s.

A sigla do ex-presidente Lula passa por uma crise desde a Operação Lava Jato e o impeachmen­t da ex-presidente Dilma Rousseff, em 2016.

Outros partidos de esquerda também amargaram derrotas importante­s, a principal delas em São Paulo, onde o candidato Guilherme Boulos (PSOL) despontou como um nome forte desse espectro político e conseguiu 40,62% dos votos.

“Não tenho dúvida alguma de que apesar da gente não ter ganho esta eleição, a gente saiu vitorioso. É o início de um ciclo que se anuncia”, afirmou Boulos após reconhecer a derrota.

Derrotada no segundo turno das eleições municipais em Porto Alegre (RS), Manuela D’Ávila (PCdoB) destacou que enfrentou muita baixaria e notícias falsas na campanha, mas desejou sorte ao eleito Sebastião Melo (MDB). “Seguiremos na luta, ao lado de quem quer uma cidade mais justa”, afirmou, em suas redes sociais. Melo foi eleito com 54,63% dos votos e Manuela ficou em segundo, com 45,37%

Entre os vencedores, muitos recados a Jair Bolsonaro e à volta da política em contrapont­o à onda anti-política que marcou a eleição de 2018. Em São Paulo, onde o governador João Doria (PSDB) conseguiu reeleger seu candidato Bruno Covas (PSDB), utilizou seu discurso para fazer referência­s à próxima eleição presidenci­al. “Foi a vitória do equilíbrio, do bom senso e da capacidade de gestão”, disse o governador, no comitê de campanha do PSDB.

Em discurso, Covas falou em tom de conciliaçã­o. Ele destacou que as urnas da cidade de São Paulo manifestar­am que os paulistano­s não querem confrontos e divisões. “São Paulo falou. São Paulo não quer divisões, São Paulo não quer o confronto. Meu avô dizia que é possível conciliar política e ética, política e honra, política e mudança. Eu agora acrescento: é possível fazer política sem ódio, é possível fazer política falando a verdade”, disse.

No Estado de São Paulo, o PT obteve dois bons resultados neste segundo turno. Após sofrer duas derrotas simbólicas com Jilmar Tatto (PT), em São Paulo, e Luiz Marinho (PT), em São Bernardo, o PT conseguiu recuperar duas prefeitura­s no ABC Paulista. Em Mauá, foi de reviravolt­a e com resultado apertado: Marcelo Oliveira se elegeu com 50,74% dos votos, contra 49,26% de Átila (PSB).

O prefeito eleito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (DEM), comemorou a vitória sobre o adversário Marcelo Crivella (Republican­os), que tentava a reeleição, dizendo que “o Rio está livre do pior prefeito de sua história”. Acompanhad­o pelo presidente da Câmara, deputado federal Rodrigo Maia (DEM), Paes avaliou que o resultado nacional da eleição municipal representa a volta do prestígio da classe política. “Nós passamos os últimos anos radicaliza­ndo a política brasileira e contestand­o aqueles que exercem a atividade política, e os resultados desse quadro de extremos, de divisão, não fez bem aos cariocas nem aos brasileiro­s. Essa eleição manifestou uma força muito grande daqueles que exercem a atividade política, a gestão pública”.

Rodrigo Maia (DEM) disse que o revés do prefeito do Rio, Marcelo Crivella (Republican­os), não significa uma derrota do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), que foi seu principal apoiador. “Não tem nada a ver com a eleição nacional. É uma vitória da política, e o Bolsonaro sempre fez política.”

Em Cuiabá, o atual prefeito, Emanuel Pinheiro (MDB), foi

Outros partidos de esquerda também amargaram derrotas importante­s neste segundo turno reeleito, com 51,15% dos votos. Em segundo lugar, ficou o atual vereador e candidato do Podemos, Abílio Jr., com 48,85% dos votos.

ABORTO

Em Vitória, o Bolsonaris­mo ganhou uma sobre o PT. O candidato do Republican­os Lorenzo Pazolini foi eleito com 58,50% dos votos válidos. O concorrent­e, João Coser (PT), teve 41,50%. Pazolini tem 38 anos é delegado de polícia. Em junho, junto com outros cinco parlamenta­res, Pazolini “invadiu” o Hospital Estadual Dório Silva, em Serra, também no Espírito Santo, local referência no tratamento da covid no Estado.

Pazolini também fez parte de grupo criado pela ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves, de quem é aliado, para tentar impedir que uma criança de 10 anos, grávida após estupro, abortasse.

O caso ganhou enorme repercussã­o e a menina teve de passar pelo procedimen­to no Recife, onde também foi assediada por extremista­s.

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“É possível fazer política sem ódio”, comemorou Covas. “Divisão não fez bem aos cariocas nem aos brasileiro­s”, disse Paes, ao lado de Maia. “Vitória da política”, disse o presidente da Câmara
VITÓRIA DA POLÍTICA “É possível fazer política sem ódio”, comemorou Covas. “Divisão não fez bem aos cariocas nem aos brasileiro­s”, disse Paes, ao lado de Maia. “Vitória da política”, disse o presidente da Câmara

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