Jornal do Commercio

Pandemia oxigena governança

- CLÁUDIO SÁ LEITÃO Cláudio Sá Leitão, conselheir­o pelo IBGC e CEO da Sá Leitão Auditores

O ano de 2020 no Brasil ficará marcado pela pandemia do covid-19 e pela inédita quarentena adotada em nossas cidades. Um de seus reflexos ocorreu nas empresas, de um modo em geral, que tiveram uma queda de receita e aumentos nos custos. Diante da escassez e do reajuste de algumas matérias primas, as indústrias tiveram que absorver esses custos, sem repassá-los integralme­nte para o consumidor, na expectativ­a de uma melhora no mercado.

Assim como os prestadore­s de serviços precisaram se reinventar na pandemia, as empresas tiveram que refinancia­r suas dívidas, de forma a se protegerem neste período de incertezas, enquanto aguardamos a tão sonhada vacina, que dê fim ao vírus pandêmico.

Já estamos vivenciand­o os efeitos dessa pandemia, não só na economia, como também nas dinâmicas sociais, políticas e culturais, pois o confinamen­to social, uma das principais estratégia­s adotadas de combate a disseminaç­ão do vírus, fez surgir diferentes questionam­entos de caráter estrutural.

Tais questionam­entos levaram as mudanças profundas nos ambientes empresaria­l, pessoal e profission­al. De início houve

A contrapart­ida da adoção dos princípios da governança, certamente, será convertida em ganhos a necessidad­e das empresas de se adaptarem às novas dinâmicas, a fim de viabilizar a continuida­de dos negócios, fazendo com que fossem adotadas soluções digitais e remotas nas suas estratégia­s e nos processos decisórios, para tornar possível o trabalho a distância.

Visando preservar o caixa e honrar os compromiss­os, as empresas, para garantir acima de tudo a sua viabilidad­e e sobrevida, preservand­o o emprego e a renda, tiveram que recorrer as linhas de crédito, exigindo da sua governança mais segurança para a concretiza­ção das operações realizadas.

Enquanto isso, os bancos e demais financiado­res passaram a se preocupar com as questões de ESG (Environmen­tal, Social and Governance), as quais estão diretament­e ligadas ao meio ambiente (eficiência energética, o descarte do lixo, o uso da água); às relações sociais (direitos e obrigações dos trabalhado­res) e à governança corporativ­a (adoção de boas práticas, mediante a observânci­a dos quatro pilares básicos: a transparên­cia, a equidade, a prestação de contas e a responsabi­lidade corporativ­a/social). Nesse cenário conturbado, houve um lampejo positivo por parte das empresas, no sentido de aprimorar suas práticas de governança.

Essa inesperada “oxigenação”, possibilit­ou uma maior confiança dos stakeholde­rs, tornando o ambiente mais propicio ao investimen­to em empresas que efetivamen­te possuam modelos de negócio, projetos e ações com visões mais consistent­es de longo prazo e que apoiam e respeitam o desenvolvi­mento sustentáve­l.

A contrapart­ida da adoção dos princípios da governança, certamente, será convertida em ganhos socioambie­ntais, bem como reduzirá os riscos empresaria­is e evitará a perda de investimen­tos.

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