Jornal do Commercio

13º para pagar e fazer mais dívidas

Na visão de economista, parte do benefício vai aquecer a demanda do comércio, e outra será usada para pagar débitos antigos

- ANGELA FERNANDA BELFORT abelfort@jc.com.br

Avendedora Maria Lurdes da Silva vai gastar o seu 13º salário inteiro para pagar o que está devendo. “E não vai sobrar nada, porque este ano foi mais apertado. E creio que também vou receber menos porque tive uma suspensão temporária do contrato de trabalho durante a pandemia”, conta. Ela mora com o filho, ainda estudante, e que este ano não conseguiu um estágio por causa da crise. O pagamento do 13º salário deve injetar R$ 6,3 bilhões extras somente na economia do Estado num período menor do que 30 dias. E a primeira parcela do rendimento extra vai ser paga hoje. A segunda está programada para até 20 de dezembro.

“A estimativa é que os valores do 13º pagos este ano sejam 3,5% menores do que o benefício pago no ano passado”, diz o economista da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Pernambuco (Fecomércio-PE), Rafael Ramos. Geralmente, os empregador­es pagam o 13º a quem tem carteira assinada. “A projeção feita pela Confederaç­ão Nacional do Comércio (CNC) ficou menor, porque foram muitos empregos formais cortados entre maio e junho”, explica Rafael. Desse modo, em todo o Brasil, devem ser pagos R$ 208,7 bilhões de 13º este ano contra os R$ 216,2 bilhões desembolsa­dos em 2019.

Na opinião do economista, grande parte do dinheiro extra terá basicament­e dois destinos: aquecer a demanda do comércio e diminuir a inadimplên­cia. “Esse aqueciment­o deve começar na Black Friday e ir até dezembro”, conta. Rafael argumenta que é sempre bom orientar o consumidor a consumir “consciente­mente”.

A aposentada Bione Fonseca

A estimativa é que os valores do 13º pagos este ano sejam 3,5% menores do que o benefício pago no ano passado. Foram muitos empregos formais cortados entre maio e junho”, diz o economista Rafael Ramos

disse que o seu 13º já está todo empenhado.”Minha aposentado­ria é pouca. Vou comprar brinquedos e presentes, mas não vai dar para comprar os presentes dos bisnetos”, conta. Todas as suas netas já são casadas e têm filhos. Já o funcionári­o público Francisco Araújo Lins diz que este ano não vai ter presente. “Vou gastar tudo para pagar dívidas de cartão, cheque especial. Me livrar desse aperreio”, comenta. Em outubro último, Pernambuco estava com 2,7 milhões de cidadãos que estavam com suas contas atrasadas, segundo um levantamen­to da Serasa.

“O início do próximo ano está muito incerto. Ninguém sabe se vai haver restrição de novo à circulação de pessoas. É bom o consumidor guardar um pouco do 13º salário para as tradiciona­is despesas de começo de ano como material escolar, IPVA (imposto sobre os automóveis) e o IPTU (tributo cobrado sobre os imóveis)”, lembra Rafael, acrescenta­ndo que tem muitas instituiçõ­es promovendo feirões nos quais o consumidor pode pagar menos juros das dívidas, ter descontos e limpar o nome.

EVENTO

A Serasa está promovendo o 26º Feirão Limpa Nome que foi prorrogado até o dia 05 de dezembro. Uma tenda será armada a partir de hoje na Praça Nossa Senhora do Carmo, no centro do Recife, das 8h às 18 horas e fica no local até a sexta-feira. “Pagar as dívidas com o 13º pode ser uma forma de começar o ano melhor. A negativaçã­o restringe o poder de crédito da pessoa”, diz a gerente da Serasa, Bruna Lima. Segundo ela, o evento pode oferecer descontos de até 99% em mais de 50 empresas, que incluem bancos, financeira­s, empresas de luz, telefonia, internet etc.

Bruna lembra que é bom o consumidor se planejar, ver o quanto pode pagar em compras parceladas e deixar um pouco do 13º para quitar contas do começo do ano, como o material escolar. Os canais digitais de atendiment­o para fazer as renegociaç­ões das dívidas são o site (www. feiraolimp­anome.com.br), os aplicativo­s disponibil­izados no Google Play ou na Apple Store, o telefone de whatsapp (11 99575-2096) e a ligação gratuita pelo 0800 591 1222.

“Para quem não tem internet, também pode ser feita uma renegociaç­ão usando as 7 mil agências dos Correios. O usuário consulta o nome e aparece uma pré-negociação disponibil­izada pela empresa, informando o desconto. Se o consumidor tiver interesse, paga no próprio Correios a primeira parcela”, explica Bruna.

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ZERANDO Maria Lurdes vai usar o 13º salário para pagar o que está devendo. “E não vai sobrar nada”, diz
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