D errotado, PT não crava deixar cargos
RECIFE Derrota de Marília Arraes deixa partido em situação difícil, fora da base do novo governo
Aderrota de Marília Arraes (PT) no segundo turno das eleições para a Prefeitura do Recife, neste domingo (29), deverá impor um novo momento de antagonismo ao PSB em Pernambuco. Em seu pronunciamento após a apuração dos votos, a deputada federal afirmou que a oposição ao PSB em Pernambuco passará por um rearranjo político.
“Nós não temos condições de articular com um grupo que, além de fazer tão mal na gestão, seja do Estado, do município, também trata a política da forma que tratou. Então, aqui começa sem dúvida um novo capítulo da história do Estado com a articulação de uma nova oposição”, resumiu Marília.
A petista recebeu 348.126 votos (43,73% dos válidos). O número é menor do que a soma entre aqueles que votaram branco, nulo ou se abstiveram de votar. Esse grupo chegou ao total de 361.285 pessoas. Apesar do resultado, a deputada federal disse que está feliz, pois foi a primeira vez que uma mulher chegou ao segundo turno das eleições no Recife.
A deputada federal, inclusive, só discursou após o primeiro pronunciamento de João Campos (PSB) como prefeito eleito. Ela criticou seu adversário, afirmando que sua campanha “foi limpa”, diferente, segundo ela, da feita pelo socialista. Marília ainda pontuou que o PSB colocou “a fé das pessoas no meio, fazendo diversos ataques não fundamentados, que a própria justiça tirou do ar”.
O acirramento da disputa com PT nesta eleição municipal gerou um racha numa parceria de longa data, já que as siglas vêm dividindo palanque nas disputas municipais e estadual. Nos últimos dias de campanha, inclusive, João Campos afirmou que não haveria espaço para os petistas em seu governo. Por isso, a derrota de Marília coloca o seu partido em uma posição sensível sobre os rumos que irá tomar daqui para a frente, tanto no município quanto no Estado.
O PT já deixou o primeiro escalão da Prefeitura do Recife com a saída de Oscar Barreto do comando da Secretaria de Saneamento do Recife, após orientação do Diretório Nacional, apesar de ter outros cargos em escalões mais baixos. No âmbito estadual, a sigla permanece com Dilson Peixoto como secretário de Desenvolvimento Agrário.
Questionado sobre o futuro dos dois partidos, o deputado federal Carlos Veras (PT) adotou um tom apaziguador e alertou que é preciso ter cautela ao avaliar o envolvimento dos socialistas nos ataques ao PT ocorridos durante a campanha. “Uma coisa são as decisões do partido, de indicação, outra coisa é a convocação de pessoas qualificadas para uma função. Não se pode misturar”, disse. “Teremos uma eleição daqui a dois anos para o governo federal na qual queremos a volta de Lula à Presidência e vamos continuar lutando por isso”, completou o petista.
Até mesmo o governador Paulo Câmara reconheceu, neste domingo (29), os atri
opinou Carlos Veras
discursou Marília Arraes
tos entre as duas siglas. Ele, porém, disse estar aberto para “continuar a conversar com quem queira conversar, pelo bem de Pernambuco”.
DISCURSO
Marília fez seu pronunciamento ao lado de aliados do PT e do PSOL, e também de novos personagens que entraram na sua campanha nesta reta final e engrossaram o coro de oposição ao PSB: o prefeito de Jaboatão dos Guararapes, Anderson Ferreira (PL), e o deputado federal e presidente do Podemos, Ricardo Teobaldo.
Para a deputada estadual Teresa Leitão (PT), é possível dialogar com outros partidos da oposição tendo em vista a eleição de 2022, o que não implica necessariamente em construir aliança formal. “Podemos estar separados em 2022, tudo indica que sim (de partidos como o Podemos), mas não podemos deixar de dar resposta aos 70% que foram contra o PSB (no primeiro turno), não vencemos, mas foi a eleição mais difícil para o PSB, e isso tem seus recados”, ressaltou a parlamentar.
Ainda no seu pronunciamento, Marília afirmou que a oposição ao PSB no Estado sai fortalecida, além de desafiar a hegemonia dos socialistas no Estado. “Desde 2006, nenhuma candidatura do PSB tinha essa dificuldade de ganhar. Nós fomos ao segundo turno com quase o mesmo percentual de votos, chegamos aqui ao final do segundo turno com votação expressiva. Isso mostra a insatisfação das pessoas com a atual gestão”, argumentou Marília Arraes.