Jornal do Commercio

Um filme de Natal com sabor brasileiro

Festa muito celebrada no cinema americano ganha uma versão que relata o ponto de vista nacional. Tudo bem no Natal que vem é estrelado pelo comediante Leandro Hassum e aposta na mensagem de aproximaçã­o.

- ROBSON GOMES rgomes@jc.com.br

Dezembro, último mês do ano, e claro, começa a contagem regressiva para o Natal. No cinema norte-americano, são inúmeros filmes que abordam essa temática, a ponto de sabermos de cor os elementos desta data comemorati­va na cultura estrangeir­a. Já no Brasil, a sétima arte nacional parece ignorar o clima natalino em seus roteiros. Mas isso começa a mudar a partir de hoje, e via Netflix, com a estreia do filme original Tudo Bem no Natal Que Vem, estrelado por Leandro Hassum e grande elenco.

Na sinopse do longa nacional de Paulo Cursino dirigido por Paulo Santucci (a mesma dupla da trilogia de sucesso Até Que a Sorte Nos Separe), após levar um tombo na véspera de Natal de 2010, o rabugento Jorge (Hassum) desmaia e acorda um ano depois sem lembrança do que se passou. Ele logo percebe que está condenado a continuar acordando na véspera de Natal, ano após ano, tendo que lidar com as consequênc­ias do que seu outro “eu” fez nos demais 364 dias.

O elenco conversou remotament­e com os jornalista­s sobre este lançamento na plataforma. E para o protagonis­ta Leandro Hassum, a obra se destaca justamente por retratar o Natal brasileiro na trama: “Acho que muita gente vai se identifica­r porque toda a família tem isso: o cunhado que pede dinheiro emprestado, a briga familiar... Acho que é uma sacada muito boa da Netflix representa­r um filme natalino com as nossas caracterís­ticas. Nós também nos identifica­mos e as cenas acabam sendo mais simples porque vivemos um pouco disso nas nossas vidas”.

Arianne Botelho, que interpreta Aninha, filha do Jorge, reforça a opinião do seu pai na ficção. “É um retrato da família brasileira, de como esses natais são passados por essas famílias. E é interessan­te justamente também mostrar isso para o público de fora, nesses 190 países, que cada um tem uma cultura diferente, uma maneira diferente de comemorar o Natal, então vai ser muito legal”, conta a jovem atriz, que surpreende no desenrolar do filme por trazer parte da carga dramática que vira a chave do longa de comédia em alguns momentos.

O arco dramático de Tudo Bem no Natal Que Vem também impression­a a atriz Elisa Pinheiro, que vive Laura, a doce esposa de Jorge no filme: “Eu acho que a comédia, apesar deste ser um filme que também passa pelo drama, tem um pouco desse lugar de, através do riso, ir cortando um caminho para a reflexão. Quando rimos, refletimos sem perceber, colocamos em xeque algumas crenças suas, você repensa os valores pelo humor. [...] Acho que esse filme consegue isso de forma muito bem sucedida”.

Miguel Rômulo dá vida a Léo, o filho mais velho de Jorge, e defende o “problema natalino” vivido pelo seu pai. “O Jorge não é um cara ruim, ele é um cara desatento. Ele não é um mal caráter. Ele ama a família, mas tem um problema específico com o Natal. [...] Esse filme serve para mostrar essa mensagem: você pode ser uma boa pessoa, que ama a família, mas precisa prestar atenção nela. Você precisa estar presente, valorizar os pequenos e grandes momentos, que só valorizamo­s quando perdemos”, declarou o ator.

Gravado entre novembro e dezembro do ano passado, portanto antes da pandemia, Leandro Hassum reforça que o longa traz uma grande mensagem para o público da plataforma de streaming. “O filme traz essa mensagem da aproximaçã­o. De valorizar cada minuto. Nós não sabemos o que pode ser o dia de amanhã. Quando fizemos esse filme, nós não sabíamos como seria o ano seguinte”, diz o ator, que completa: “Esse ano de 2020 foi atípico em todos os sentidos. E Tudo Bem No Natal Que Vem traz esse carinho. O carinho do humor, da alegria, para dar uma aliviada, e relembrar talvez que mesmo que estejamos tão perto dos nossos familiares, por ser um Natal atípico, mas, que vai ficar ‘tudo bem no Natal que vem’”.

SURPREENDE­NTE

Ao longo de 1h40, Tudo Bem no Natal Que Vem parece no início ser mais um “filme do Hassum”, com o plus de ter boas tiradas e clichês do Natal brasileiro. Todavia, a narrativa consegue surpreende­r o espectador quando se encaminha para um arco dramático vivido por Jorge e Aninha.

Para quem conhece as comédias dramáticas americanas, o longa brasileiro faz lembrar um pouco de Click – sem Adam Sandler e controle remoto, claro – porém traz um humor mais pé no chão, onde os personagen­s sabem do complexo vivido por Jorge e tenta lidar com isso com naturalida­de (ou não).

Com participaç­ões especiais de Danielle Winits e Daniel Filho, se o público receber bem, Tudo Bem no Natal Que Vem pode se tornar um filme tão tradiciona­l nesta época quanto a “piada do pavê” na noite da ceia. Que por sinal, também está mais viva do que nunca neste longa.

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 ??  ?? DRAMA A família do rabugento Jorge tem que viver com o apagão anual dele, que só desperta no Natal
DRAMA A família do rabugento Jorge tem que viver com o apagão anual dele, que só desperta no Natal
 ??  ?? COMÉDIA O desatento Jorge coloca a família em situações complicada­s durante o ano inteiro
COMÉDIA O desatento Jorge coloca a família em situações complicada­s durante o ano inteiro

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