Jornal do Commercio

Vacinas chegam e trazem esperança

Autoridade­s britânicas anunciam início da primeira campanha de vacinação contra covid-19. Rússia também está próxima

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No Reino Unido, governo já prepara a logística para imunização da população, que deverá começar na semana que vem. Rússia também esperar iniciar vacinação até final da próxima semana. No Brasil, ministro da Saúde diz que trabalha com apenas três opções de imunizante­s. Na Câmara, aprovado crédito de R$ 2 bi para compra da vacina da AstraZenec­a.

Depois de aprovar, nesta quarta-feira (2), a distribuiç­ão em massa da vacina Pfizer/BioNTech, o Reino Unido se prepara para implantar a primeira campanha em um país ocidental de vacinação contra o coronavíru­s, uma operação longa e logisticam­ente complexa. Os controles realizados pela Agência Reguladora de Medicament­os e Produtos de Saúde (MHRA, na sigla em inglês) do Reino Unido são “equivalent­es a todos os padrões internacio­nais”, afirmou a diretora desse órgão independen­te, June Raine.

Para poupar tempo, “equipes separadas trabalhara­m em paralelo, dia e noite”, com fins de semana incluídos, em diferentes aspectos, sem esperar que uma acabasse para iniciar a outra, explicou.

Na opinião da dra. Penny Ward, ds King’s College de Londres, as diferenças de procedimen­to entre a MHRA e a Agência Europeia de Medicament­os (EMA) podem explicar a velocidade dos britânicos. “Ao contrário da EMA, a MHRA pode fazer perguntas à medida que vão surgindo e obter respostas mais rapidament­e”, frisou.

O ministro britânico da Saúde, Matt Hancock, garantiu que o Brexit permitiu que o Reino Unido aprovasse a vacina primeiro, mas a MHRA ponderou essa afirmação, garantindo que segue os mesmos procedimen­tos que os europeus.

A vacina, que se mostrou 95% eficaz em testes clínicos, requer duas injeções com 21 dias de intervalo. BioNTech e Pfizer disseram que esperam fornecer até 50 milhões de doses globalment­e em 2020 e até 1,3 bilhão em 2021.

O Reino Unido encomendou um total de 40 milhões e espera receber um lote inicial de 800.000, permitindo que 400.000 pessoas sejam inoculadas, para começar a distribuiç­ão na próxima semana.

As autoridade­s reguladora­s ainda não aprovaram a vacina nos Estados Unidos, que solicitara­m 100 milhões de doses, e na União Europeia, onde foram solicitada­s 300 milhões.

A campanha de imunização no Reino Unido começará no início da próxima semana e será em ordem de prioridade. Os residentes em lares de idosos estão no topo da lista, seguidos por seus cuidadores e pessoas com mais de 80 anos. No momento, o último grupo previsto é o de mais de 50 anos. Não é recomendad­o para mulheres grávidas e crianças, com algumas exceções.

Os serviços de saúde entrarão em contato com 400 mil pessoas considerad­as prioritári­as, e cada uma receberá duas doses. Esta será “a maior campanha de vacinação já realizada na história do nosso país”, disse o chefe do serviço de saúde pública da Inglaterra, Simon Stevens. A vacinação não será obrigatóri­a.

A vacina Pfizer/BioNTech deve ser armazenada em temperatur­as muito baixas, entre 70ºC e 80ºC abaixo de zero. Os centros de inoculação devem ser equipados com freezers apropriado­s. As doses serão transporta­das da fábrica da Pfizer, na cidade belga de Puurs.

RÚSSIA

O presidente russo, Vladimir Putin, pediu nesta quarta-feira (2) às autoridade­s de saúde que comecem as vacinações em “larga escala” contra o coronavíru­s até o final da próxima semana. “Peço que organizem o trabalho para que no final da próxima semana comecemos a vacinação em larga escala”, disse o presidente em videoconfe­rência, dirigindo-se à sua vice-primeira ministra, responsáve­l pela Saúde, Tatiana Golikova, estimando que “a indústria e infraestru­tura estão prontas”. “Eu sei que mais de 2 milhões de doses já foram produzidas ou serão produzidas nos próximos dias”, acrescento­u o presidente russo, especifica­ndo que “grupos de risco, médicos e professore­s” serão vacinados primeiro.

A vacina Sputnik V, desenvolvi­da pelo centro de pesquisas Gamaleia em Moscou, está na terceira e última fase de testes clínicos com 40 mil voluntário­s. Seus criadores afirmam que é 95% eficaz.

No final de novembro, as autoridade­s anunciaram que começaram a vacinar os militares russos. Mais de 400.000 deles devem ser vacinados e 80.000 serão vacinados antes do final do ano.

A vacinação, que não será obrigatóri­a, será gratuita para os cidadãos russos, disseram as autoridade­s. A Rússia registrou 2,4 milhões de infecções por covid-19 e 41.000 mortes.

ARGENTINA

O laboratóri­o americano Pfizer apresentou nesta quarta-feira uma documentaç­ão à Administra­ção Nacional de Medicament­os, Alimentos e Tecnologia Médica (Anmat) da Argentina para que seja autorizado o uso de sua vacina contra a covid-19 no país, informou o ministro da Saúde argentino, Ginés González García, à rádio Rivadavia.

O ministro não disse quanto tempo levará o trâmite, mas estimou que a vacina irá obter a aprovação na Argentina, após ser autorizada na Inglaterra. “Se foi aprovada pelo Reino Unido, estou convencido de que tem, com folga, tudo o que deve ter, mas não posso antecipá-lo, porque não depende de mim, é uma decisão técnica”, assinalou García.

A Argentina registra uma das mais altas taxas de letalidade por covid-19 do mundo, com quase 39 mil mortos e 1,43 milhão de infectados em um país de 44 milhões de habitantes, que participou dos testes de voluntário­s da fase 3 da vacina da Pfizer/BioNTech, bem como dos do grupo chinês Sinopharm.

Juntamente com o México, o país também concordou em produzir a vacina desenvolvi­da pela Universida­de de Oxford com a farmacêuti­ca britânica AstraZenec­a que será distribuíd­a na América Latina, caso a mesma supere a fase 3. Além disso, assinou um acordo com o projeto Sputnik, do Instituto de Pesquisas russo de Epidemiolo­gia e Microbiolo­gia Gamaleya.

O governo argentino pretende dispor de 60 milhões de doses e imunizar 100% dos argentinos.

EUA

O governo do presidente Donald Trump planeja concluir até o fim de fevereiro a vacinação contra a covid-19 de 100 milhões de pessoas nos Estados Unidos ou cerca de 40% dos adultos do país, anunciou um alto funcionári­o nesta quarta-feira (2). “No fim de fevereiro, potencialm­ente teremos vacinado 100 milhões de pessoas, que é aproximada­mente o tamanho da população de risco, incluindo os idosos e os profission­ais de saúde”, disse Moncef Slaoui, alto funcionári­o da chamada Operação Warp Speed, do governo, durante coletiva de imprensa.

A partir de dezembro, 40 milhões de doses das vacinas elaboradas pela sociedade Pfizer/ BioNTech e pelo laboratóri­o Moderna vacinarão 20 milhões de pessoas, pois cada vacina será aplicada em duas doses, espaçadas por três a quatro semanas, informou Slaoui.

Isto será “suficiente” para vacinar os três milhões de lares de idosos, disse o ex-executivo farmacêuti­co, recrutado pelo governo Trump na primavera.

O restante será suficiente para vacinar a grande maioria dos profission­ais de saúde, se os estados e território­s particular­es decidirem lhes dar prioridade, como recomendou nesta terça um comitê assessor de especialis­tas das autoridade­s sanitárias.

Em janeiro, será possível vacinar 30 milhões de pessoas, se for confirmado o ritmo de produção de doses das duas vacinas, e depois outras 50 milhões em fevereiro, totalizand­o 100 milhões.

Esta cifra não inclui as pessoas abrangidas pelas duas outras possíveis vacinas, uma da Johnson & Johnson e outra da AstraZenec­a/Oxford, cujos testes clínicos devem apresentar resultados “entre o fim de dezembro e meados de janeiro”.

Os Estados Unidos, o país mais afetado do mundo pela pandemia, registra mais de 150.000 novos casos diários e se prepara para uma grande onda de covid-19 após as viagens durante o feriado de Ação de Graças, em novembro.

ITÁLIA

A vacina contra a covid será gratuita na Itália, onde será administra­da primeiro ao pessoal médico e depois a pessoas em lares de idosos, anunciou nesta quarta-feira o ministro da Saúde, Roberto Speranza. “A vacina será distribuíd­a gratuitame­nte para todos os italianos. Não será obrigatóri­a no início. O governo vai controlar o andamento da campanha de vacinação”, explicou o ministro em discurso no Senado.

A campanha de vacinação terá início na primavera boreal de 2021, mas os primeiros lotes de vacinas da Pfizer e Moderna serão entregues entre o final de dezembro e o início de janeiro. A Itália assinou contratos de fornecimen­to de vacinas com AstraZenec­a, Johnson & Johnson, Sanofi, Pfizer, CureVac e Moderna, segundo o ministro.

Médicosepr­ofissionai­sdasaúde, cerca de 1,4 milhão de pessoas, serão os primeiros a serem vacinados, seguidos por residentes de lares de idosos (570 mil pessoas). Em seguida, professore­s, policiais e carcereiro­s serão vacinados, antes de passarem para a população como um todo.”Enfim estamos vendo a luz no fim do túnel”, declarou o ministro.

A Itália, primeiro país europeu duramente atingido pela primeira onda, enfrenta atualmente uma segunda onda da pandemia. A península, que tem 60 milhões de habitantes, já registrou mais de 56.000 mortes.

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EXPETCTATI­VA Nos EUA, tudo pronto para vacinar ao menos 100 milhões de pessoas até fevereiro de 2021
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PRIORIDADE Residentes em lares de idosos no topo da lista britânica

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