Jornal do Commercio

Leilão de estatais já em 2021

Governo quer acelerar desestatiz­ações no País: Correios e Eletrobras estão na lista.

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BRASÍLIA — Em sua última reunião de 2020, o conselho do Programa de Parcerias de Investimen­tos (PPI) do governo federal decidiu incluir apenas uma empresa pública nos planos de desestatiz­ação, a Companhia Docas da Bahia (Codeba), que administra os portos de Salvador, Aratu-Candeias e Ilhéus. Segundo a secretária do PPI, Martha Seillier, o órgão está focado em dar andamento aos processos de privatizaç­ão das estatais que já estão com seu destino definido. A previsão do governo é de que sejam realizados leilões de oito empresas em 2021, entre elas os Correios e a Eletrobras.

Quase dois anos depois de Jair Bolsonaro assumir a presidênci­a, o governo não conseguiu privatizar nenhuma estatal, apesar dos planos e promessas do ministro da Economia, Paulo Guedes. Seiller reconheceu ser uma dificuldad­e do Executivo cravar datas de leilão em razão das etapas que envolvem um processo de desestatiz­ação, como conseguir a autorizaçã­o do Congresso. Em razão disso, para a secretária, apesar de os certames previstos para 2021 serem viáveis, “alguns” podem escorrer para 2022. Eletrobras e Correios, por exemplo, ainda dependem do aval do Legislativ­o para serem desestatiz­adas.

Seillier disse ainda que não está nos planos do governo privatizar ou liquidar todas as 19 estatais que dependem do Tesouro Nacional para pagamento de despesas de custeio e pessoal Uma das dependente­s é justamente a Embrapa, que não tem previsão de ser desestatiz­ada. “O objetivo não é privatizar todas as empresas dependente­s. A Embrapa é bom exemplo de empresa que poderá ser continuar pública”, disse ela.

Questionad­a sobre o que vai acontecer com a PPSA, estatal responsáve­l pela gestão dos contratos do pré-sal, no regime de partilha, Seillier indicou que uma eventual privatizaç­ão não é prioridade, uma vez que a estatal não está nem na carteira do PPI, nem no Programa Nacional de Desestatiz­ação (PND). “Essas conversas ocorrem dentro do Ministério da Economia e do Ministério de Minas e Energia (MME)”, afirmou.

No encontro de ontem, o PPI qualificou mais 58 ativos em sua carteira, que envolvem investimen­tos estimados em cerca de R$ 20 bilhões. Os projetos envolvem principalm­ente iniciativa­s de concessão no setor de infraestru­tura, além de áreas de floresta, leilões de energia, e empreendim­entos de turismo, por exemplo. “Hoje qualificam­os 35 importante­s projetos (do

Ministério da Infraestru­tura), que têm um potencial inicial de R$ 6,4 bilhões de investimen­tos e de geração de mais de 100 mil empregos”, disse a Secretária de Planejamen­to, Desenvolvi­mento e Parcerias do Ministério da Infraestru­tura, Natália Marcassa.

ACCENTURE

Responsáve­l por elaborar um plano para a privatizaç­ão dos Correios, a consultori­a Accenture é suspeita de superfatur­ar contratos com a própria estatal e com uma subsidiári­a. Apuração interna feita pela companhia pública, à qual o Estadão teve acesso, apontou prejuízo de R$ 10,9 milhões em negócio fechado em 2017. O Ministério Público Federal investiga este acordo e um contrato anterior da empresa, firmado um ano antes, no valor de R$ 36 milhões.

Mesmo assim, a consultori­a foi escolhida pelo Banco Nacional de Desenvolvi­mento Econômico e Social (BNDES) em agosto deste ano para realizar estudos a fim de conceder à iniciativa privada os serviços postais no Brasil.

Em nota, a Accenture disse estar apta para fechar contratos com o poder público e os Correios afirmaram que “não têm responsabi­lidade na contrataçã­o do referido consórcio”.

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PORTO DE ARATU Codeba entrou na lista de privatizaç­ão do PPI

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