Igualdade até para perder
O deputado estadual Álvaro Porto (PTB) lançou sua candidatura à presidência da Alepe. Se eleito, diz que acabará com a reeleição para o cargo. Se terá sucesso na disputa, é difícil dizer, mas o fim da reeleição deveria ser objeto de clamor popular, em todas as situações em que, hoje, esta possibilidade esteja colocada. A reeleição faz mal, ainda mais numa democracia tão jovem quanto a brasileira, em que a cultura do voto popular sofreu com interrupções de regimes autoritários e, ainda hoje, funciona sob caracteres mais emotivos do que racionais. E quando o voto não se dá pelo povo, aí se deveria ter ainda mais atenção. Casas legislativas precisam ser espaços amplificadores, mesmo de representações minoritárias. Significa que um vereador, ou um deputado, eleito por 100 pessoas, deve ter as mesmas oportunidades de voz e voto que o parlamentar eleito por 50 mil pessoas. Se a Casa não consegue igualar todos os representantes, dando a eles as mesmas oportunidades, não cumpre seu papel. Seria hipócrita e demagogo defender que representações minoritárias devam, obrigatoriamente, assumir cargos como o de presidente de um Legislativo, apenas porque estão ali, mesmo não tendo força política para aquilo. Mas, quando um desses iguais, estando já no exercício do cargo, usa-o para se perpetuar nele, a igualdade de condições está sendo fatalmente desrespeitada.
Numa democracia, até o que o leva à derrota líquida e certa deve ser promovido sob exata igualdade de condições.