Jornal do Commercio

Emergencia­l

Extensão do auxílio na pandemia deve ocorrer com quatro parcelas de R$ 250.

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Anova rodada do auxílio emergencia­l deve ser autorizada pelo Congresso sem uma vinculação direta a medidas de corte em despesas para compensar o gasto adicional, como queria a equipe do ministro da Economia, Paulo Guedes. A adoção de outras medidas com impacto fiscal, porém, dependeria de um novo decreto de calamidade, que acionaria automatica­mente gatilhos de contenção de gastos, incluindo novo congelamen­to de salário de servidores.

A minuta da PEC apenas abre caminho para que uma lei discipline o pagamento do auxílio fora das amarras fiscais. O governo, porém, já tem delineados os principais parâmetros da nova rodada A equipe econômica trabalha para que o valor total não ultrapasse os R$ 40 bilhões, com quatro parcelas de R$ 250 a serem pagas em março, abril, maio e junho a até 40 milhões de brasileiro­s. Nem todo esse gasto virá do crédito extraordin­ário, uma vez que beneficiár­ios do Bolsa Família já recebem em média R$ 190 por mês do programa. Nesses casos, o Orçamento do Bolsa banca o benefício regular, e o dinheiro do auxílio o complement­o do que falta.

O formato consta em minuta do relatório do senador Marcio Bittar (MDB-AC), obtida pelo Estadão. O texto permite que o auxílio seja pago sem uma nova calamidade, por meio de crédito extraordin­ário fora do teto de gastos (regra que limita o avanço das despesas à inflação) e sem interferir no esforço que a equipe econômica precisa fazer para atingir a meta de primário, que permite rombo de até R$ 247,1 bilhões. Trata-se de uma “via rápida” para tirar o benefício do papel.

Ao mesmo tempo, a proposta cria um novo marco fiscal a ser acionado em futuros casos de calamidade nacional, com autorizaçã­o para gastar de um lado, mas, de outro, responsabi­lidade de puxar o freio naquilo que não for considerad­o essencial. A calamidade precisa ser decretada pelo Congresso, e nada impede que haja uma iniciativa deste tipo ainda este ano. Integrante­s da equipe econômica, porém, não veem essa necessidad­e, pois o auxílio já terá sido destravado.

A PEC traz dois tipos de marcos: um para calamidade­s nacionais, como a da covid-19, e outro para episódios em que as despesas correntes de Estados e municípios superam 95% de suas receitas correntes (no caso da União, a proporção é despesa obrigatóri­a superior a 94% do gasto total). Os gatilhos são semelhante­s e incluem congelamen­to de salários e criação de novas vagas no serviço público.

CAUTELA

Ontem (22), o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), defendeu o valor de R$ 300 para o novo auxílio emergencia­l e apelou ao Congresso para que não tente inflar o benefício, como ocorreu no passado. O posicionam­ento está em linha com o da equipe econômica, preocupada com o impacto fiscal da nova rodada do programa social.

“O ministro Paulo Guedes (Economia) falou em R$ 200 para o novo auxílio, e o presidente Bolsonaro anunciou R$ 300. E o que o presidente anuncia, o governo vai ter que arrumar um jeito de fazer, penso eu. Talvez seja o valor ideal na cabeça de todo mundo. E o Congresso vai ter que ter muita responsabi­lidade para não mexer nesse valor, para não ficar aquele jogo de pôquer ficou da outra vez: ‘eu blefo e o outro paga’. Então saiu de R$ 200 para R$ 600”criticou Lira, em entrevista ao GLOBO.

Agora, governo e Congresso negociam liberar uma rodada de quatro parcelas de R$ 250. Segundo cálculo da Instituiçã­o Fiscal Independen­te (IFI), ligada ao Senado, a extensão do benefício custará R$ 34,2 bilhões, consideran­do que 45 milhões de brasileiro­s sejam beneficiad­os pela nova fase do programa.

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BENEFÍCIO Desafio no Congresso será o acordo sobre o valor da parcela

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