Na pisadinha
Barões da Pisadinha são embaixadores do piseiro, gênero que ganhou o Brasil a partir do interior do Nordeste.
Forró, paredão, piseiro e pisadinha. Se este conjunto de palavras não faz sentido para você, falta se atualizar sobre o movimento musical popular e nordestino que tem contagiado o público Brasil afora — principalmente, nas plataformas digitais.
Embora esse movimento pareça novo ou recente, suas raízes no forró revelam que se trata de uma variação contemporânea do gênero tradicional. “Eu diria que o piseiro (ou pisadinha) é uma vertente de um gênero musical, o forró, mas feito quase inteiramente no teclado, com uma caixinha eletrônica e levadas de vaneirão. Essa sonoridade surge nos interiores do Nordeste, a princípio por causa da praticidade e do baixo custo — um cantor solo com um teclado tem um cachê bem menor que o de uma banda, e assim consegue tocar mais”, explica o jornalista e pesquisador GG Albuquerque.
A batida eletrônica e repetitiva dos teclados é a principal marca da sonoridade do piseiro. E o nome deste tipo de música remete, de imediato, ao seu maior representante: Os Barões da Pisadinha, uma dupla baiana formada por Rodrigo Barão, na voz, e Felipe Barão, nos teclados.
“Começamos a cantar juntos em 2014, mas só em 2015 formamos Os Barões do Forró, que depois transformamos em Barões da Pisadinha. Tudo deu muito certo, graças a Deus. Não foi um caminho fácil, chegamos a fazer shows sem cachê. Não tínhamos dinheiro para investir, lançar coisas novas, mas trabalhamos muito para conseguir viver da música”, conta o cantor Rodrigo, em entrevista ao JC.
Dono de hits como Tá Rocheda, Recairei e Basta Você Me Ligar — que é tema do quadro de Rafael Portugal no Big Brother Brasil 21, da TV Globo — Felipe Barão reforça o quanto esse estilo musical agradou o público: “É um gênero que aposta muito no teclado e na voz, então é o que a gente sempre buscou. Gostamos muito da batida e das notas marcadas para a dança, para dar aquela pisadinha, que o povo tá curtindo muito.”
Além dos Barões da Pisadinha, não é difícil hoje encontrar artistas que investem no piseiro para tocar nos paredões de som pelo País. Desde o baiano Nelson Nascimento — considerado o precursor do gênero, em 2004 — passando por nomes da nova geração, como Eric Land, Biu do Piseiro, Zé Vaqueiro (leia entrevista abaixo), e outros já consagrados do forró estilizado, a exemplo de Xand Avião, Wesley Safadão e a dupla Simone & Simaria.
A difusão da pisadinha nas plataformas digitais, que hoje alcançam um grande espaço liderando listas e playlists, começou a crescer em 2017, num site alternativo chamado Sua Música. E para GG Albuquerque — do Portal Embrazado, dedicado a música de periferia —, esse auge do gênero vem da luta desses artistas menores por espaço no mainstream.
“O boom do piseiro está acontecendo porque existe uma longa linhagem de músicos que há anos estão trabalhando duro e criando conexões com o público, principalmente as camadas mais pobres dos interiores do Nordeste. Foram anos fazendo esse som em piseiros de chão de terra para que Os Barões da Pisadinha chegassem ao nível que tem hoje”, analisa o pesquisador.
Batida eletrônica e repetida dos teclados marca som do piseiro