Jornal do Commercio

Mudança na Lei de Improbidad­e

- Estadão Conteúdo

Opresident­e Jair Bolsonaro reforçou o coro pela mudança na lei que pune práticas de improbidad­e administra­tiva cometidas por gestores públicos. Em conversa com apoiadores em frente ao Palácio da Alvorada, ontem, o presidente disse que a legislação atual “engessa o prefeito” e afirmou já ter conversado com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), sobre mudança nas regras.

“É muita burocracia. Tem muita lei do passado que realmente é para combater a corrupção e etc., mas engessa o prefeito. Muitos aí respondem por 20 anos de improbidad­e administra­tiva. Alguma coisa vai ser mudada, pode deixar”, afirmou Bolsonaro a um apoiador que reclamou de medidas tomadas pelo prefeito de Chapecó (SC), João Rodrigues (PSD).

A mudança na lei é discutida na Câmara dos Deputados. Um dos pontos é aproveitar o debate para permitir o nepotismo, que consiste na contrataçã­o de parentes - o presidente não falou especifica­mente sobre essa articulaçã­o.

Um dos trechos em discussão é o que permite responsabi­lizar prefeitos por prestar contas fora do prazo. Segundo o entendimen­to dos que defendem a mudança na legislação, é preciso haver algum tipo de dolo (intenção de cometer uma irregulari­dade) para que haja punições como cassação ou perda de direitos políticos.

No caso do nepotismo, a prática é punida pelo artigo 11 da mesma lei. O dispositiv­o define como improbidad­e atos que violem os “deveres de honestidad­e, imparciali­dade, legalidade e lealdade às instituiçõ­es”. Como mostrou o Estadão, o líder do governo na Câmara, deputado Ricardo Barros (PP-PR), defende a exclusão do artigo 11, para que a prática deixe de ser punida. “O poder público poderia estar mais bem servido, eventualme­nte, com um parente qualificad­o do que com um não parente desqualifi­cado”, defendeu Barros.

CLÃ

Na conversa com apoiadores, Bolsonaro disse que tem atuado para que a mudança na Lei de Improbidad­e seja aprovada. “Tenho conversado­comoArthur­Liraparaa gente mudar alguma coisa para dar liberdade ao prefeito”, afirmou o presidente. Questionad­o, o Palácio do Planalto não respondeu se Bolsonaro também é a favor da exclusão do artigo 11.

Quando era deputado, Bolsonaro nomeou 13 parentes em gabinetes da família. Além disso, o clã Bolsonaro empregou 102 pessoas com laços familiares, segundo levantamen­to feito pelo jornal O Globo.

No primeiro ano como presidente, em 2019, Bolsonaro chamou de “hipocrisia” as críticas de que seria “nepotismo” a indicação de seu filho, o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), para o cargo de embaixador nos Estados Unidos. O presidente chegou a criticar a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que proibiu contrataçõ­es de parentes na administra­ção pública.

“Acho que quem tem de decidir sobre essas coisas é o Legislativ­o Teve um parlamenta­r contra o nepotismo que foi pego na Lava Jato. E tem ministro, com toda certeza, que tem parente empregado, com DAS (função comissiona­da). E daí?”, questionou ele, na ocasião. “Que mania (vocês têm de dizer) que tudo que é parente de político não presta.”

O presidente tem três filhos na política: o senador Flávio Bolsonaro (Republican­os-RJ), o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) e o vereador do Rio Carlos Bolsonaro (Republican­os).

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MOVIMENTAÇ­ÃO Presidente acha que a lei atrapalha a governabil­idade

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