Jornal do Commercio

Discussão em torno dos gastos mínimos com Educação e Saúde é sobre maus gestores.

- Igor Maciel

A discussão sobre manter ou não a obrigatori­edade de gastos mínimos com Educação e Saúde não é sobre a boa gestão pública. É sobre maus gestores e sobre como eles estão em todos os lugares desse país. Se fosse uma discussão sobre gestão, seria lógico defender que quanto mais liberdade o prefeito, governador ou presidente tiverem para investir, de acordo com suas necessidad­es, melhor. As necessidad­es de Caruaru, em Pernambuco, são diferentes das necessidad­es de Blumenau, em Santa Catarina, por exemplo. Sem falar que a realidade de cada momento também é diferente. Uma cidade pode ter rede de saúde bem estruturad­a e precisar investir muito mais em Educação. Mas, não vai poder, porque se tirar dinheiro da saúde pra reforçar a educação e não cumprir os percentuai­s, é capaz de o gestor ir preso. Quando dizem que os percentuai­s mínimos devem continuar, os defensores da medida afirmam que, não sendo assim, prefeitos vão usar o dinheiro em obras eleitoreir­as e parar de investir nos setores essenciais. A discussão, logo, não é sobre saúde e educação, nem é sobre gestão pública. A discussão é sobre a desonestid­ade e o patrimonia­lismo, presumidos, dos gestores brasileiro­s. No Brasil, nós nunca discutimos os problemas pelo motivo de origem, que normalment­e é uma imensa falha de caráter de âmbito cultural. Nunca discutimos a cura, mas a necessidad­e do remendo para ir fingindo normalidad­e.

Desse jeito, nunca vamos chegar a lugar algum.

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