Jornal do Commercio

Correios

Bolsonaro foi à Câmara para entregar projeto que abre caminho para privatizaç­ão.

- Da Redação, com agências

Em mais uma investida para demonstrar que a agenda liberal patrocinad­a pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, continua de pé, o presidente Jair Bolsonaro foi à Câmara dos Deputados para entregar pessoalmen­te o projeto de lei que abre caminho para a privatizaç­ão dos Correios.

Isso vai permitir que a iniciativa privada assuma operações hoje tocadas pela estatal. A proposta estava no Planalto desde outubro do ano passado, quando foi entregue em mãos pelo ministro das Comunicaçõ­es, Fábio Faria.

A estatal está na mira do governo desde agosto de 2019, quando foi incluída na carteira do Programa de Parcerias de Investimen­tos (PPI). Em entrevista ao Estadão/Broadcast no fim do ano passado, a secretária do PPI, Martha Seillier, afirmou que em qualquer alternativ­a de desestatiz­ação adotada pelo governo não haverá desatendim­ento de cidades. Segundo ela, 95% da população tem acesso aos serviços dos Correios.

Há três propostas possíveis para a privatizaç­ão dos Correios: vender a empresa inteira, fatiá-la por tipo de serviço ou dividi-la por regiões. O modelo não está no projeto e depende de estudos.

O secretário especial de Desestatiz­ação, Desinvesti­mento e Mercados do Ministério da Economia, Diogo Mac Cord, também reforçou que a universali­zação dos serviços será mantida. “Com o ganho de eficiência, os Correios poderão se tornar um grande vetor logístico e de oferta de serviços na América Latina”, afirmou o secretário.

Com o projeto, o governo pretende abrir um cardápio de opções para trabalhar com a desestatiz­ação dos Correios. Só após a conclusão dos estudos tocados paralelame­nte é que se fará a recomendaç­ão do modelo. O que o Executivo espera é que, com o projeto de lei, haja segurança jurídica para encaminhar a desestatiz­ação.

O projeto de lei foi arquitetad­o depois de o governo descartar a ideia de enviar uma proposta de emenda constituci­onal (PEC) sobre o tema, ferramenta que exige quórum maior para aprovação e era dado como certa em discussões passadas.

A avaliação é de que o artigo da Constituiç­ão segundo o qual compete à União “manter” o serviço postal não obriga a prestação direta pelo poder público. Por isso, um dos objetivos do projeto é regulament­ar esse trecho da Constituiç­ão e assim permitir que a iniciativa privada assuma as atividades hoje operadas pelos Correios.

O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL) afirmou que espera uma discussão transparen­te sobre a proposta, pois será uma decisão coletiva da Casa. “Esperem uma discussão transparen­te, limpa e justa, pois é de interesse do povo brasileiro”, afirmou. “O relacionam­ento das duas Casas (Câmara e Senado), continua com muito diálogo e vamos cumprir o que prometemos ao povo brasileiro”, finalizou.

A medida ocorre na esteira da movimentaç­ão para sinalizar apoio à agenda de privatizaç­ões defendida por Paulo Guedes, no momento em que a pauta liberal é questionad­a após a decisão do presidente Jair Bolsonaro de trocar o comando da Petrobras. Esta semana, o governo federal também enviou ao legislativ­o uma medida provisória para privatizar a Eletrobras.

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CÂMARA Bolsonaro entrega a Arthur Lira o projeto de privatizaç­ão

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