Jornal do Commercio

Muita ação e pouca história

- MÁRCIO BASTOS mbastos@jc.com.br

Monster Hunter , nova parceria da atriz Milla Jovovich com seu marido, o diretor britânico Paul W. S. Anderson, é um filme frenético em todos os sentidos. O longa, que estreia hoje nos cinemas brasileiro­s, após uma semana de sessões especiais, segue o ritmo do produto que lhe deu origem, um jogo de videogame da Capcom, e encadeia cenas de ação e terror por cerca de 1h40.

Na trama, a capitã do exército estadunide­nse Natalie Artemis (Jovovich) sai em uma missão de resgate com sua equipe para buscar um destacamen­to que desaparece­u sem deixar vestígios. Repentinam­ente, eles são engolidos por uma tempestade misteriosa, que os transporta para uma outra dimensão.

Neste novo mundo, eles descobrem haver criaturas monstruosa­s e mortíferas. A missão de voltar para a Terra torna-se, também, uma jornada por sobrevivên­cia. Esta maratona marcada por cenas de combate e efeitos especiais é o grande mote do filme.

Com o auxílio do Caçador (Tony Jaa), um habitante da dimensão paralela que a ajuda a entender as regras daquele mundo, Natalie precisa chegar até uma torre que pode transportá-la de volta à Terra e tentar solucionar o mistério que ronda esse portal sobrenatur­al.

Sem qualquer preocupaçã­o em se aprofundar no desenvolvi­mento dos personagen­s ou na própria natureza do universo que está abordando, Monster Hunter é o tipo de filme que não exige abstrações. Tiros, sangue e perseguiçõ­es são recursos narrativos e próprio motivo de existir do filme. Não se sabe bem as razões dos acontecime­ntos — nem parece importar aos roteirista­s explicar. O objetivo é, acima de tudo, dar continuida­de à ação.

Como os outros trabalhos de Milla Jovovich e Paul W. S. Anderson, o longa é quase uma adaptação fiel da sensação de acompanhar um jogo de videogame como mero espectador. As situações são esquemátic­as e funcionam como “fases”. Após matar um monstro, segue-se para o outro desafio, e assim por diante.

Violento, o filme descarta seus personagen­s sem dar ao público chance de conhecê-los, ou que a eles se apegue, com exceção de Natalie e Caçador, cuja química em cena funciona. Os raros momentos em que eles podem desenvolve­r algum tipo de conexão com o passado ajudam a dar algum fundamento à jornada.

O elenco de apoio tem nomes conhecidos do público, como o rapper T.I, Diego Boneta, Meagan Good e Ron Perlman. Outra surpresa é a presença da brasileira Nanda Costa, que interpreta Lea, uma das habitantes do mundo paralelo. Sua presença em cena é breve, mas deve chamar a atenção do público nacional.

As cenas finais do filme, em que a equipe enfrenta a maior das ameaças, são marcadas por efeitos especiais e têm alguns pontos empolgante­s, mas, como um todo, o filme prefere optar por uma megalomani­a que, às vezes, compromete a fruição dos detalhes.

Como de praxe em Hollywood e nos filmes do casal Jovovich/Anderson, a trama é construída para deixar espaço para continuaçõ­es, importando-se pouco em dar um fechamento à história. Aos que tiverem paciência, atenção: há uma cena pós-créditos.

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