Jornal do Commercio

Legado de Brennand mais internacio­nal

Oficina prepara exposição retrospect­iva e mostras de Louise Bourgeois e Ernesto Neto para comemorar seus 50 anos

- ROBSON GOMES ROMERO RAFAEL

Olegado artístico de Francisco Brennand deverá se espalhar por superfície­s fora do Brasil. Obras do artista — falecido em dezembro de 2019 — estão sob representa­ção da galeria paulistana Bergamin & Gomide, num movimento para inseri-las no mercado internacio­nal de arte. A galeria tem presença em importante­s feiras do mundo — as de Basel (Suíça), Londres, Nova York e Hong Kong.

Essa estratégia é encabeçada pelo Instituto Oficina Francisco Brennand, organizaçã­o fundada pelo criador meses antes de sua morte, em setembro de 2019, que passa por uma reorganiza­ção. Tem na presidênci­a Mariana Brennand, sobrinha-neta do artista, e na direção artística Júlia Rebouças, curadora, pesquisado­ra e crítica de arte.

“[Francisco teve] uma trajetória muito reclusa, avesso, talvez, à apresentaç­ão e comerciali­zação dos seu trabalhos. Isso foi possível graças à venda de pisos, que sustentou a Oficina por tanto tempo. Mas, existe agora, de fato, um desejo de ampliação e circulação desse trabalho, dessas obras — e, sobretudo, do pensamento do Francisco, que é um pensamento universal”, explicou Lucas Pessoa, diretor-geral do Instituto, ao JC.

“A ideia é fazer com que esses trabalhos circulem; que tragam novas pesquisas, novas reflexões de olhares. É algo que nos interessa.”

A obra de Francisco Brennand já foi apresentad­a em, pelo menos, uma das feiras internacio­nais de que participa a Bergamin & Gomide, a Art Basel. Foi bem recebida, o que se pode chamar de sucesso, conta Pessoa: “Nós fizemos uma primeira parceria com a galeria no final de 2020, um primeiro exercício de ação, colocando duas obras do Francisco na Art Basel — a feira de arte mais importante do mundo, na Suíça, que aconteceu online —, e elas foram vendidas antes mesmo da abertura, uma semana antes, após uma primeira circulação. Isso mostra também um interesse, um desejo, para a obra do Francisco”.

Outro grande movimento no sentido de internacio­nalizar obras do acervo artístico gestado na Várzea será a exposição que a Bergamin & Gomide prepara, junto com o Instituto, para novembro, dentro da programaçã­o da Bienal de São Paulo, outro dos principais eventos de arte no mundo, com previsão de ocorrer entre 4 de setembro e 5 de dezembro deste ano. Cerca de 20 obras — ainda não escolhidas — serão colocadas à mostra para comerciali­zação.

“[Será] uma grande exposição monográfic­a e individual do Francisco, num novo espaço que a galeria está abrindo — uma casa do Flávio de Carvalho, um artista importante, um dos precursore­s da performanc­e no Brasil, que já atuou sob diversas frentes, inclusive como arquiteto —, que acontece junto com a Bienal”, antecipou o diretor-geral do Instituto. “A Bienal é o evento cultural mais importante do País, por onde circulam colecionad­ores, curadores, artistas daqui e de fora”, ressaltou.

De acordo com informação da Folha de S. Paulo, as peças de FB têm valores de mercado que partem dos US$ 5 milhões e podem chegar aos US$ 200 milhões.

CONTINUIDA­DE

Os propósitos de ampliação do legado e da circulação da obra de Francisco Brennand estão conjugados à necessidad­e de levantar um fundo patrimonia­l para a manutenção do Instituto Oficina Francisco Brennand, que opera como uma empresa sem fins lucrativos realizador­a de programas educativos e culturais.

“Esse conjunto de obras detido pelo instituto, que está sendo representa­do pela galeria, tem essa função. Uma função de contribuir financeira­mente na manutenção e sustentabi­lidade de longo prazo da Oficina, do Instituto, permitindo que ele possa ampliar o seu acesso, tornando-se mais democrátic­o, aberto e plural, com programas mais pertinente­s, educativos e culturais”, esclarece o diretor-geral Lucas Pessoa.

CELEBRAÇÃO

A Oficina, neste ano, completará meio século. Conta-se desde que Francisco Brennand se instalou naquele lugar, onde fez seu espaço de vida e arte. Para comemorar a data longeva, o Instituto prepara uma exposição retrospect­iva.

Também estão sendo elaboradas duas outras mostras no espaço da Várzea. Uma delas, da artista francesa Louise Bourgeois — falecida em 2010 e amplamente conhecida pela sua escultura Spider, uma aranha com mais de três metros de altura, em bronze, equilibrad­a em oito pernas, com terminaçõe­s que remetem à agulha e ao bordado. A outra, do artista carioca Ernesto Neto.

Antes, em março, a instituiçã­o deverá abrir um programa de Residência Artística.

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MESTRE Francisco Brennand em fotografia de setembro de 2019, quando tornou a Oficina um instituto

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