Fernando Castilho
Os investidores esqueceram o Brasil e foram comprar títulos do governo americano, prova da desconfiança.
A cotação do dólar no Brasil chegou ontem a R$ 5,51 num dia em que a Bolsa fechou em baixa de quase 3%. Um movimento tão forte que obrigou o Banco Central entrar firme na mercado e, pelo segundo dia seguido, vender dólares para esfriar a procura pela moeda americana.
A tradução desse movimento, numa dia em que a Petrobras anunciou lucro anual de R$ 7,1 bilhões, assumiu a primeira posição dos maiores lucros da história de uma empresa brasileira e, após o Governo enviar ao Congresso os projetos de privatização de duas importantes estatais (Eletrobras e Correios), revela o nível de esgarçamento que os investidores chegaram em termos de confiança.
Com um pouco de seriedade, os projetos, somados à performance da Petrobras, que teve lucro líquido de R$ 59,89 bilhões no quarto trimestre de 2020, seriam motivos para grandes altas. Mas não aconteceu nada. Ou melhor, aconteceu um movimento inverso com uma pressão pela busca de dólar que obrigou o BC a agir firme. Os investidores esqueceram o Brasil e foram comprar títulos do governo americano.
O dia de ontem foi um bom exemplo de como a (má) política está maltratando a economia. O governo interfere na Petrobras, nega a pandemia do coronavírus, não compra vacina, não resolve a questão do abono emergencial, não aprova o orçamento do ano e nem consegue apontar um caminho para reativar a economia. Assim fica difícil para a vida de quem ganha em real.