Jornal do Commercio

Edital de leilão do 5G é aprovado

Pregão da nova rede de comunicaçã­o móvel deve ocorrer no primeiro semestre.

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AAgência Nacional de Telecomuni­cações (Anatel) aprovou, ontem, o edital para o leilão de frequência­s do 5G. O documento será enviado agora para análise do Tribunal de Contas da União (TCU). A expectativ­a é de que o leilão aconteça ainda no primeiro semestre de 2021.

A tecnologia 5G é a quinta geração das redes de comunicaçã­o móveis. Ela promete velocidade­s até 20 vezes superiores à do 4G, com maior consumo de vídeos e jogos. Será a maior licitação de espectro da história do País.

O edital manteve a proposta de lotes regionais para a faixa de 3,5 GHz, radiofrequ­ência em que o 5G será ofertado, e o uso de todo o espectro disponível, de 400 Mhz.

A Anatel também manteve a proposta do relator Carlos Baigorri sobre padrões tecnológic­os no uso da faixa 3,5 GHz, que exigirão a construção de redes inteiramen­te novas e investimen­tos pesados das companhias.

Vivo e Claro contavam com uma migração mais suave, na qual poderiam utilizar parte das atuais estruturas de 4G para aos poucos chegarem aos padrões da quinta geração. Já a TIM defendia o novo padrão desde já.

Para Baigorri, o novo padrão é o que de fato pode entregar a qualidade esperada para o 5G. Ao Estadão/Broadcast, no início do mês, ele disse que esse padrão poderia ser comparável a uma Ferrari, enquanto o outro seria um Fusca. Ontem, disse que não desejava um 5G “meia-boca” ou “para poucos”.

“Esse é um dilema que se coloca na hora de se propor a política pública. Impor o novo padrão não segue a lógica do mercado neste momento, mas no meu entendimen­to a política pública se sobrepõe a lógica do mercado”, afirmou o relator.

Outro ajuste acatado ontem é o que determina que todas as empresas interessad­as no leilão terão de comprovar regularida­de fiscal municipal.

Apesar de toda a polêmica dos conflitos entre o governo e a China, a Huawei, a proposta de edital não proíbe a empresa de fornecer equipament­os às teles que disputarem o leilão. A vedação à companhia somente poderia ser concretiza­da por decreto assinado pelo presidente Jair Bolsonaro - o que, até o momento, não ocorreu.

O preço mínimo de cada lote no leilão só será divulgado após o aval do TCU. Mas, dada a quantidade de obrigações adicionais às empresas vencedoras, a expectativ­a é de que a arrecadaçã­o financeira para o Tesouro Nacional não seja tão grande. Isso porque os investimen­tos necessário­s para o cumpriment­o de cada contrapart­ida prevista no edital são descontado­s dos valores que poderiam ser cobrados como outorga.

OBRIGAÇÕES

Os vencedores nessa frequência de 3,5 GHz terão de assumir a maior parte dos compromiss­os determinad­os pelo governo. Com a migração dos canais transmitid­os por antena parabólica, a exemplo do que ocorreu com o fim da TV analógica para acomodar as redes de 4G, as famílias de baixa renda inscritas no Cadastro Único para Programas Sociais deverão receber kits para não perderem o acesso. Esse custo será bancado pelas empresas que levarem os lotes nacionais dessa frequência.

Além disso, por determinaç­ão do Ministério das Comunicaçõ­es, os vencedores do leilão na faixa de 3,5 GHz deverão construir uma rede de telecomuni­cações segura e exclusiva para toda a administra­ção federal, cuja propriedad­e passará à União.

Há a expectativ­a de que essa rede será operada pela Telebrás. Com o incômodo do Ministério da Economia, que pretende privatizar a companhia, o governo disse que deve editar um decreto para que essa atribuição possa ser realizada por outras empresas - isso, até agora, não ocorreu.

Essa infraestru­tura para o governo, que será chamada de Rede Segura, deverá ser de fibra óptica fixa, com criptograf­ia, e alcançar todo o território nacional onde houver órgãos públicos federais. No caso específico do Distrito Federal, as redes deverão ser fixas e móveis.

A proposta de edital do 5G traz outras obrigações para as teles vencedoras do leilão nas demais frequência­s. As empresas que levarem lotes em 700 MHz deverão garantir a oferta de 4G em estradas até 2025. Por determinaç­ão do Ministério das Comunicaçõ­es, a prioridade é a instalação de cobertura móvel em seis rodovias federais. Terão preferênci­a as BR 163, 364, 242, 135, 101 e 116. Atualmente, os trechos sem sinal nessas rodovias somam 48 mil quilômetro­s.

As empresas que arrematare­m lotes nas faixas de 2,3 GHz precisarão garantir a cobertura de 95% dos municípios sem 4G, com prioridade para o fornecimen­to de 4G e para a construção de redes de transporte de alta velocidade, preferenci­almente de fibra, em municípios ainda não atendidos do Norte e do Nordeste

A proposta de edital assegura ainda o roaming obrigatóri­o em todo o País. As teles que levarem lotes em qualquer frequência terão cinco anos para garantir o acesso de assinantes visitantes entre as diferentes redes de cada operadora. Na prática, se uma localidade tiver apenas antena da Vivo, ela deverá dar sinal também aos usuários da Claro, Oi eTIM.

INVESTIMEN­TOS

Depois das reclamaçõe­s das teles sobre o volume de contrapart­idas que serão exigidas no leilão do 5G, o governo sugeriu um teto máximo de R$ 2,5 bilhões em investimen­tos. Esse valor deverá ser dividido em dois projetos que fazem parte da lista de obrigações: R$ 1 bilhão para a Rede Segura e R$ 1,5 bilhão para a infraestru­tura do País. Os valores não foram considerad­os no edital neste momento, mas poderão ser incluídos depois da análisedoT­CU.

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PROPOSTA Apesar da polêmica entre Brasil e China, a Huawei não foi proibida de atuar junto às teles do leilão
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AVANÇO Internet 5G promete velocidade­s até 20 vezes superiores a do 4G

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