Iídiche kop
Problema é algo que incomoda aquele que têm algum. Pode ser simples, como uma lâmpada queimada que precisa ser trocada ou complexo-multidimensional, requerendo a participação de especialistas, com alto nível de habilidades e competências, assim como o conhecimento de metodologias adequadas. Aprender a resolver problema é habilidade essencial na vida e na carreira profissional.
Há algumas metodologias, entre outras: Problem-based learning (aprendizado baseado em problema), Creative Problem Solving (Solução criativa de problemas) e Design Thinking. Cada uma com seus méritos. Entretanto, destaco “O segredo judaico de resolução de problemas - Iídiche Kop” que não está nessa lista.
Íidiche kop é o acúmulo de conhecimento de problemas necessário para instaurar um processo de questionamento do impossível.
Representa a transcendência da ignorancia. É a condição de o encurralado virar o jogo, da posição de perdedor e se recontextualizar como mestre das opções impensadas. Permanecer no jogo oferece opções que fora dele não existiriam. O segredo está no âmago da observação cautelosa da realidade. Ela existe em camadas, como uma cebola. A divisão que o modelo considera é baseada na estrutura de quatro dimensões em que a realidade pode ser decomposta: aparente do aparente, oculto do aparente, aparente do oculto, e oculto do oculto.
Aparente do aparente diz respeito à dimensão do óbvio. A lógica tem absoluta eficácia nesta dimensão. Tudo está à mostra, é transparente como deve ser um relacionamento de confiança. O oculto do aparente é preciso “levantar o tapete”. Há manipulação de informações. A verdade foi maquiada, mas se descobre. O aparente do oculto pode-se ter acesso pela intuição, escutando o coração e através de perguntas inteligentes. No oculto do oculto o acesso é somente pela ação. Pode ocorrer quando se forma uma conspiração de mentirosos, corruptos, corruptores. São casos em que um grupo de indivíduos pode se unir para agir em favor de interesses próprios, prejudicando a instituição. Esta é a dimensão que melhor se aplica a frase de Shakespeare: “Há razões que a própria razão desconhece”. Seu acesso só é possível por meio de uma intervenção fundamentada em estratégias inteligentes de obtenção de informações. Exemplo patente e atual ocorreu na gestão da operação lava-jato, com as delações premiadas.
Fica a lição. O ensinamento verdadeiro não pode ser transmitido apenas pela razão. Compreendendo as quatro dimensões do modelo judaico, é fundamental que o processo cultive a curiosidade, a criatividade, o pensamento sistêmico e a solução de problemas.