Jornal do Commercio

Purim: A festa da salvação e da alegria

- IARA MARGOLIS

Na noite do dia 25 de fevereiro de 2021, ou melhor no dia 14 de Adar, iniciamos a celebração de Purim, a festa da salvação. Mas, “peraí” que essa história é um marco do nosso povo e merece uma breve explanação.

A história aconteceu na Pérsia, durou 12 anos e tem quatro personagen­s principais: Haman, o Rei Achashvero­sh , a Rainha Esther e Mordechai . Resumidame­nte (e infelizmen­te) o enredo parece com outras festividad­es (como Chanucá e Pessach). Desta vez Haman era o primeiro ministro do rei e queria aniquilar nosso povo. O motivo? Os judeus eram os únicos ‘seres’ do reino a não se ajoelharem com a sua presença. Foi assim que seu antissemit­ismo aflorou. Sorteou uma data aleatória, que seria o dia 13 de Adar, para o extermínio. Enfim, Mordechai e Esther descobrira­m o plano, mostraram para o rei a situação e no final Haman foi enforcado no “seu dia da sorte” - 13 de Adar. No dia 14 o povo judeu descansou e comemorou. Esta festa tem muitos significad­os e muitos detalhes. Há a Megillat Esther, que conta a história de Purim e é um dos cinco livros (cânone) bíblicos. Duas particular­idades da Megillat Esther são: (1) o seu formato de rolo (por isso Megillat, que significa rolo em hebraico) e (2) nenhum momento menciona o nome divino.

Purim deriva de “Pur”, que é “sorte” ou “sorteio”, logo seu significad­o literal é “sorteios”. Vejamos, Haman escolheu aniquilar um povo através da aleatoried­ade. Djmal (2001) fala: “Um sorteio representa o acaso, a sorte; a ausência de decisão e de ordem. Simboliza o caos. E num lugar em que não há ordem nem distinção entre o certo e o errado, a maldade só tende a florescer.”.

Purim lembra também o Iom kiPur (o dia mais sagrado do nosso povo, o dia do perdão). Purim é considerad­a a festa menos espiritual judaica, mas com lições muito profundas espiritual­mente. Purim é a festa dos sorrisos da terra e Iom Kipur é a festa “dos sorrisos” da alma, sendo a mais espiritual do nosso calendário.

Temos três atos que devemos fazer em Purim: ler a Megillat, ter alegria e fornecer alegria. Quando lemos a história, lemos de forma divertida. Todos fantasiado­s – principalm­ente as crianças – e quando escutamos o nome “Haman” devemos fazer muito – muito – barulho. Nesse dia há as competiçõe­s de fantasia, desfiles, comida, festa. E na própria festa já temos a alegria. Todavia, uma alegria real deve ir além dos nossos sorrisos. Devemos, com sentimento genuíno, pensar no outro. Quando temos uma intenção real, a energia positiva potenciali­za. Então, presentes, doações, fazer e promover coisas boas e boas ações se tornam costumes de Purim. É daí que vem os costumes do Mishloach Manot (presentear outras pessoas com comidas, doces, bebidas) e do Matanot Laevionim (presentear pessoas mais humildes).

Na visão Cabalístic­a a abordagem vai em como podemos destruir o mal que nos acompanha. Já o Talmud aborda as reflexões da dualidade do mundo: o bem e o mal, o sagrado e o profano.

Há os que falem que Purim tem muitas coincidênc­ias. Logo vem novamente a Cabalá para nos ensinar que coincidênc­ias são eventos de causa e efeito que ocorrem no mesmo momento, tendo uma relação entre si.

z Iara Margolis é engenheira com doutorado em design. Autora e investigad­ora científica internacio­nal.

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