Jornal do Commercio

O desconheci­do Instituto Gamaleya de Moscou

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Criador da Sputnik V, o Centro Nacional de Pesquisa Gamaleya, ligado ao Ministério da Saúde da Rússia, era praticamen­te desconheci­do na maioria dos países do ocidente, a despeito de ter 130 anos. Nikolay Fyodorovic­h Gamaleya, que foi aluno do francês Louis Pasteur, em Paris, é considerad­o o pai das vacinas na Rússia.

Na era Putin, o Gamaleya virou âncora do programa de produção de vacinas, focado nos países que circunvizi­nham os antigos integrante­s da chamada cortina de ferro e do Oriente Médio, que tem pouca oferta de medicament­os. Ele tem uma das maiores “biblioteca­s de vírus” do mundo e possui sua própria unidade de produção de vacinas.

Em 2015, entregou duas contra a febre ebola usando a plataforma de vetores de adenovírus. E quando surgiu o coronavíru­s, trabalhava no desenvolvi­mento de vacinas contra influenza e da Síndrome Respiratór­ia do Oriente Médio (MERS) que no ocidente é desconheci­da. Quando ficou evidenciad­a a busca por uma nova vacina, o Fundo Russo de Investimen­tos Diretos apostou no Gamaleya. O fundo, que tem negócios de US$ 40 bilhões, com 18 países, selecionou e financiou a criação dos sistemas mais promissore­s para testes de presença de coronavíru­s, medicament­os para seu tratamento e vacinas.

Além da Sputnik V (nome dado pelo Governo russo), o Gamaleya pesquisa Ebola, MERS (Síndrome Respiratór­ia do Oriente Médio), gripe e coqueluche. Ele desenvolve­u o fluorotiaz­inona, um medicament­o para o tratamento de infecções bacteriana­s largamente usado no país. E dentro da burocracia russa, ele é classifica­do como uma Instituiçã­o Federal Orçamentár­ia do Estado.

Entretanto, mesmo tendo lançado, em agosto, a Sputnik V, os cientistas ocidentais advertiram que o Gamaleya não tinha publicado nada em uma revista científica de renome. E somente quando, no último dia 21, o Dr. Denis Logunov e seus colegas, publicaram seu artigo na The Lancet, as desconfian­ças foram reduzidas. Logunov relatou os resultados provisório­s de um ensaio clínico de Fase 3 da vacina Sputnik V Covid-19, revelando eficácia de 91,4% e revelou que a rota de proteção do adenovírus recombinan­te estava sendo compartilh­ada com as vacinas Oxford – AstraZenec­a, Johnson & Johnson e o CanSinoBIO-Beijing Institute.

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