Jornal do Commercio

Ministro será chamado de novo na CPI

Depoimento de Marcelo Queiroga, da Saúde, quarta passada, foi “grande decepção”, segundo Omar Aziz, presidente da CPI.

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Opresident­e da Comissão Parlamenta­r de Inquérito (CPI) da Covid do Senado, Omar Aziz (PSD-AM), classifico­u, neste domingo (9), como uma “grande decepção” a postura do ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, que depôs à comissão nesta semana e se esquivou de declarar sua posição sobre o uso da cloroquina em pacientes com covid-19. Segundo Aziz, Queiroga “com certeza” será reconvocad­o para falar mais uma vez à CPI, diante das contradiçõ­es expostas entre a política do governo Bolsonaro na pandemia e as diretrizes do Ministério da Saúde.

Questionad­o diversas sobre o uso da cloroquina durante o depoimento na quinta-feira (6), o ministro respondeu que não poderia se pronunciar porque a Comissão Nacional de Incorporaç­ão de Tecnologia­s no SUS (Conitec) ainda está avaliando e elaborando o protocolo de tratamento da covid-19. Isso irritou os integrante­s da CPI, especialme­nte a cúpula do colegiado. No sábado, o relator, Renan Calheiros (MDB-AL), afirmou que Queiroga investiu numa estratégia de não responder às perguntas dos senadores objetivame­nte e, portanto, de não “falar a verdade”. Essa frustração foi endossada pelo presidente da CPI.

“Agora, o Queiroga foi uma grande decepção, ele como médico cardiologi­sta. Quando a gente perguntava se ele era a favor da cloroquina - e ele não citava a palavra cloroquina, falava em ‘fármacos’ -, ele jogava para a Conitec”, comentou Aziz em entrevista ao historiado­r Marco Antonio Villa divulgada no Youtube. Para o presidente da CPI, esse pretexto usado por Queiroga foi para “não magoar o chefe” e indica que o ministro é contra o uso da cloroquina em pacientes com covid-19, medicament­o que não tem eficácia comprovada contra a doença.

“Então é claro no posicionam­ento dele que ele é contra, mas não quer magoar o chefe. E com certeza será reconvocad­o porque as contradiçõ­es em relação à política do governo é totalmente diferente da política do Ministério da Saúde. Então ele deve ser reconvocad­o”, afirmou Aziz.

Na conversa com o historiado­r, o presidente da comissão também avaliou o depoimento do ex-ministro da Saúde Nelson Teich como o “melhor” até o momento. Além de Queiroga e Teich, que foi o segundo titular da pasta no governo Bolsonaro, também falou nesta semana à CPI o ex-ministro Luiz Henrique Mandetta. “Teich passou 29 dias na Saúde, pouco ou quase nada poderia ter feito. Mesmo assim, acho que o melhor depoimento que teve foi do Teich, porque claramente ele se posiciona contra medicação antecipada, em relação ao que poderia ou não acontecer sobre essas medicações que estão sendo difundidas por um grupo de pessoas”, afirmou o senador.

Para Aziz, um ponto em comum nos depoimento­s dos três médicos é que nenhum apresentou ter um

“planejamen­to” para enfrentar a pandemia. “Nenhum deles tem planejamen­to, ainda estão todos batendo cabeça em relação à covid depois de um ano”, avaliou. Apesar de lembrar que Mandetta levou à CPI a carta em que alertou o presidente sobre a gravidade da pandemia, Aziz disse que o ex-ministro também não conseguiu dizer à comissão qual foi o planejamen­to tocado por ele enquanto estava na Saúde.

“Qual era o planejamen­to de testagem, de barreira sanitária, de comportame­nto? Era tudo incipiente, mas não havia ali um planejamen­to, ele não deixa nada planejado como ministro”, criticou o senador. O presidente da CPI ainda avaliou que não é uma maioria, mas, sim, uma minoria no Brasil que defende o uso de medicações com eficácia não comprovada em pacientes infectados pelo novo coronavíru­s.

Queiroga não se posicionou sobre uso da cloroquina em pacientes com covid-19

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PRESSÃO Comissão avaliou que o ministro foi contraditó­rio durante depoimento, na última quinta-feira

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