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Um grupo de 20 senadores, incluindo o pernambuca­no Fernando Bezerra Coelho (MDB), alegou “segurança de Estado” e “risco a sua honra e de sua família” para não disponibil­izar para o jornal O Estado de S. Paulo ofícios enviados por eles ao governo federal para direcionar recursos de um suposto orçamento secreto revelado pelo periódico na última semana.

O esquema teria sido criado pelo presidente Jair Bolsonaro no fim de 2020 para aumentar e fidelizar a sua base de apoio no Congresso Nacional, além de garantir a eleição do deputado federal Arthur Lira (PP-AL) e do senador Rodrigo Pacheco (DEM-MG) como presidente­s da Câmara e do Senado, respectiva­mente.

Todas as respostas dos parlamenta­res foram dadas por escrito ao Estadão, após questionam­entos feitos com base na Lei de Acesso à Informação.

Segundo os dados contidos na reportagem, FBC, que é líder do governo na Casa Alta, teria sido contemplad­o com a terceira maior cota do orçamento paralelo, R$ 125 milhões. A resposta que ele mandou ao jornal foi que “documentos sigilosos produzidos ou sob a guarda do Senado Federal, observado seu teor, poderão ser classifica­dos como ultrassecr­etos, secretos ou reservados”.

Ao participar da última edição do programa Roda Viva, porém, FBC adotou outro discurso. Quando o tema surgiu na entrevista, o parlamenta­r do Sertão de Pernambuco disse que o orçamento “de secreto não tem nada”. E acrescento­u que ele é “votado, debatido, discutido” e “publicado”.

O Estadão afirmou que, dos 52 senadores procurados pela reportagem para apresentar os documentos, 20 sequer respondera­m às solicitaçõ­es, mesmo a legislação os obrigando a se manifestar­em em um prazo inicial de 30 dias. Houve 23 parlamenta­res que negaram ter enviado ofícios para o governo.

Entre os senadores que respondera­m ao pedido, as justificat­ivas para a ocultação dos ofícios foram diversas. O senador Carlos Viana (PSD-MG), por exemplo, disse que a “publicizaç­ão geraria especulaçõ­es” que poderiam resultar em “ataques à sua honra, de seus familiares e do Senado Federal”. Documentos indicam que Viana direcionou R$ 32 milhões do orçamento para a Codevasf, estatal que tem como superinten­dente em Minas Gerais um apadrinhad­o político dele.

Outro fato curioso revelado pelo periódico é que pelo menos dois senadores mentiram nas suas respostas: Luiz do Carmo (MDB) e Weverton (PDT), que disseram que os ofícios não existiam. O Estadão, contudo, teve acesso a ofícios assinados pelos dois parlamenta­res. Depois disso, as suas assessoria­s alegaram um “mal-entendido”.

O senador Ciro Nogueira (PP), contemplad­o com R$ 135 milhões do orçamento, recorreu à Advocacia do Senado e afirmou que “não é obrigado a testemunha­r sobre informaçõe­s recebidas ou prestadas em razão do exercício do mandato”. Outros 20 gabinetes seguiram o parlamenta­r.

Procurada pelo JC para comentar a matéria do Estadão, a assessoria do senador Fernando Bezerra Coelho não respondeu.

Ontem, enquanto o pernambuca­no pressionav­a para que a CPI da covid se debruçasse sobre os repasses federais para Estados e municípios, o relator do colegiado, Renan Calheiros (MDB-AL), defendeu que o “orçamento secreto” do governo seria “uma investigaç­ão pertinente” para ser feita pelos senadores.

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