No País discussão política tem ares de absurdo
Não existe razão no exercício do absurdo. E o que os senadores tem feito na CPI da covid é exercitar, à exaustão, o absurdo em que se tornou a discussão política no Brasil. Governistas e oposicionistas se espremem para legitimar seus próprios argumentos enquanto testemunhas ficam sem comer e, muitas vezes, sem fazer xixi, esperando uma pausa nas brigas de nível colegial, estranhamente protagonizadas por senadores da República, para responder perguntas. Até agora, a comissão fez água. Essa é a verdade. Você, leitor que apoia Bolsonaro, acredita que a CPI só mostrou que o presidente está certo. Se for o contrário, se você não apoia Bolsonaro, certamente acredita que a comissão já comprovou culpa do presidente sobre os mais de 420 mil mortos. Ambos estão errados. Até agora, os senadores só conseguiram supor, partindo de declarações feitas pelas testemunhas, que um “gabinete paralelo” na saúde influenciou decisões do chefe do Executivo. Os indícios são fortes, mas não passam de palavras ao vento, que se perdem num sopro. “Bolsonaro não é inocente, mas não tem como ser culpado”. É, até agora, a conclusão que se pode tirar. Ou seja, nada. Tirando a exposição, tirando os holofotes, nada que possa ser utilizado juridicamente surgiu.
Por maior que seja a empolgação, independente do lado, a CPI ainda não deu feijão pra encher um balaio pequeno.