Energia mais cara no Brasil até dezembro
No país que já consegue entregar, em regiões como o Nordeste, metade de sua energia gerada por fontes eólicas e solar - igual ao que gera nas hidroelétricas - a seca anunciada avisa que, daqui para frente, vai ser bandeira vermelha até dezembro.
Não tem como ser diferente. Na série histórica 2015/2021, o estoque de água guardado para gerar energia nas barragens da região Sudeste/Centro-Oeste, onde são gastos 58,74% de tudo que o Brasil usa, tem o menor percentual (33,57%) em sete anos.
Segundo o ONS, maio é uma espécie de período de transição para a seca com menos chuvas e mais esvaziamento dos reservatórios hidroelétricos, o que define como será o ano. Este ano, o quadro é mais sério porque está sendo exposto a falta de investimentos em sistemas de produção de energia firme.
O discurso verde é muito bonito, mas a partir das 18 horas quando o bicho pega, ele não sustenta a carga. Isso tem a ver com a questão de construção de novas usinas, terminar as nucleares e equilibrar a produção térmica com projetos mais modernos a base de gás natural. Na prática, nos últimos anos, o setor elétrico foi pelo caminho mais fácil e politicamente correto de fazer eólica e mais recentemente solar.
Não foi suficiente. No Brasil das barragens, energia verde ainda não segura a barra na hora do pico diário. E daqui para frente, o ONS vai ter que despachar a energia térmica (a maioria delas velhas e a base de diesel) pagando três ou quatro vezes que a gerada pelas eólicas e solares. O discurso é bonito, mas ainda não paga a conta.