O fantasma das vacinas
A revelação da Pfizer de que a companhia enviou, ao menos, sete cartas ao Governo brasileiro oferecendo o imunizante desde 14 de agosto de 2020, com a previsão de 70 milhões de doses até o final de 2021, confirma o descaso com que o governo tratou a questão, só resolvida em 8 de março.
Mas o estrago já está feito e o País terá de tratar agora o vácuo que vai enfrentar até agosto, com as dificuldades de chegada do IFA para as duas vacinas com que os brasileiros estão sendo imunizados.
O Instituto Butantan entregou, ontem, o último lote da CoronaVac, finalizando o primeiro contrato com o Ministério da Saúde. Ele já deveria ter recebido a matéria prima do segundo, mas os problemas causados pelo presidente Bolsonaro vão retardar a entrega este mês, devendo ficar para junho. Se conseguir.
O Brasil agora depende das entregas da produção da Fiocruz, que processa a vacina da AstraZeneca, e já adverte que deverá haver um gap de dois meses entre a entrega do último lote de vacinas produzidas com o IFA (Insumo Farmacêutico Ativo) importado da China, prevista para julho.
Isso quer dizer que o Brasil vai continuar a gerenciar uma campanha de vacinação a conta gostas pelas dificuldades que o governo colocou, deliberadamente, por questões ideológicas. O que explica que, pressionado a explicar essas decisões, o ex-ministro Eduardo Pazuello tente se proteger com um habeas corpus na CPI da covid, criada em função da sua inação para com a questão da vacina que impediu a proteção de milhões de brasileiros.