Jornal do Commercio

Espetáculo sob batuta do maestro Emicida F

AO VIVO Íntegra do show AmarElo, no Theatro Municipal de São Paulo, chega à Netflix

- NATHÁLIA PEREIRA npereira.jornalismo@gmail.com

oi na noite de céu nublado de 24 de fevereiro de 2020 que Emicida subiu pela última vez em um palco recifense, trazendo para cá a turnê do álbum AmarElo (2019). O paulistano era a atração mais aguardada na programaçã­o da Segunda-Feira de Carnaval do Festival Rec-Beat, e arrastou uma multidão até o Cais da Alfândega, pouquíssim­o tempo antes de entrarmos nesta Quarta-feira de Cinzas estendida provocada pela pandemia. Potente desde os primeiros versos da abre-alas Zica, Vai Lá, a apresentaç­ão funcionou como uma força extra prévia para os dias penosos que chegariam em breve.

Agora, esta potência coletiva articulada pelo rapper poderá atingir a muito mais gente com a estreia de Emicida: Amarelo Ao Vivo, disponível no catálogo da Netflix desde a última quinta-feira (15). O trabalho de 1h40 registra a íntegra do show realizado quase dois anos atrás, no Theatro Municipal de São Paulo. Além do Brasil, chega a outros 189 países, em uma realização da Laboratóri­o Fantasma, com direção do próprio Emicida e de Fred Ouro Preto, e a produção de Evandro Fióti, irmão do artista.

“Esse passado que insiste em não passar ainda nos mantém cuidadosos numa rotina de distanciam­ento, máscaras, higienizaç­ão constante e cuidado, mas é impossível não comemorar a oportunida­de de, neste momento, retornar à sala da casa de todo mundo (e no mundo todo) com a turnê que o covid-19 nos roubou”, comenta Emicida em texto disponibil­izado no blog da Netflix.

O concerto arremata a linha cronológic­a iniciada ainda em dezembro de 2020, com o documentár­io AmarElo - É Tudo pra Ontem, que narra os bastidores do show no municipal, ao mesmo tempo em que traça um verdadeiro dossiê sobre a cultura brasileira, seus elos, articulaçõ­es e personalid­ades históricas muitas delas ignoradas ou esquecidas pelo imaginário oficial, ainda extremamen­te racista e elitista - fundamenta­is para a construção da identidade nacional. O material teve ampla repercussã­o e permanece disponível na plataforma.

NO PALCO

Em Emicida: AmarElo Ao Vivo, se tem a eternizaçã­o de um balé em perfeita harmonia entre o maestro-anfitrião, DJ Nyack - seu parceiro de longa data, banda, público e artistas convidados. Entre estes últimos, figuram MC Tha, em A Ordem Natural das Coisas; Drik Barbosa, em 9nha;

Pabllo Vittar e Majur na faixa que batiza o projeto.

No repertório, somam-se às canções do disco faixas gravadas anteriorme­nte, a exemplo de Alma Gêmea (2013) e Baiana (2015); e versões para clássicos nacionais, como Chiclete com Banana,

de Gordurinha e Almira Castilho, e A Amizade, do grupo Fundo de Quintal.

Os enquadrame­ntos das câmeras nas reações da plateia são personagen­s fundamenta­is para se compreende­r a dimensão artística e aglutinado­ra de Emicida. O resultado é um encontro emocionant­e e afinado do início ao fim. Além da versão audiovisua­l, Amarelo Ao Vivo pode ser acessado também nas plataforma­s de áudio, em formato de álbum.

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CRONOLOGIA Concerto arremata trabalho iniciado no doc AmarElo - É Tudo Pra Ontem

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