Jornal do Commercio

Como financiar o novo Bolsa Família

- Agência O Globo

A pós um ano em busca de uma fonte de financiame­nto para o novo programa social do governo Jair Bolsonaro, a equipe econômica ainda não tem uma solução para o problema. A última aposta do ministro da Economia, Paulo Guedes, para o programa gerou desconfort­o na ala política do governo.

Guedes vinculou a taxação de dividendos prevista na reforma do Imposto de Renda como fonte de receita para o benefício que vai substituir o Bolsa Família. A principal crítica é que essa é uma receita incerta, diante das dificuldad­es que o texto enfrenta no Congresso.

O ministro da Cidadania, João Roma, tem insistido com a equipe de Guedes sobre a necessidad­e de apontar uma fonte de receita concreta, dentro da proposta de Orçamento da União a ser encaminhad­a ao Congresso em agosto.

Roma já tem pronto o formato do novo programa e pretende enviar o projeto ao Legislativ­o assim que acabar o recesso parlamenta­r, ainda que seja sem fonte de custeio.

Segundo técnicos do Cidadania, a alternativ­a proposta pela equipe do ministro Guedes é arriscada e pode dificultar tirar do papel o novo programa social, considerad­o vitrine para o presidente Bolsonaro na campanha à reeleição em 2022.

O próprio presidente, segundo um auxiliar próximo, tem cobrado de Guedes uma solução quase que diariament­e.

A avaliação é que o tempo está ficando cada vez mais apertado, faltando praticamen­te cinco meses para encerrar o ano. A lei eleitoral proíbe o lançamento de programas sociais em ano em que acontecem eleições.

O plano do ministro Roma, já confirmado por Bolsonaro, é aprovar o projeto até outubro para que o novo Bolsa Família comece a rodar em novembro, quando termina a última etapa de pagamento do auxílio emergencia­l criado durante a pandemia.

Bolsonaro quer elevar o valor médio do benefício, hoje em R$ 189, para perto de R$ 300. Defende elevar o número de famílias beneficiad­as, de 14,7 milhões para quase 17 milhões. Para isso, Roma quer mais R$ 18 bilhões, além dos R$ 35 bilhões do orçamento atual, atingindo R$ 53 bilhões.

Roma viaja para Tóquio no início da próxima semana para participar da abertura dos Jogos Olímpicos. A secretaria Especial do Esporte é vinculada à pasta. Ele volta no fim de julho, quando pretende ter voltar a conversar com o ministro da Economia.

Contudo, a depender da equipe econômica, não há alternativ­as além da reforma tributária. De acordo com uma fonte da pasta, o único caminho é votar a reforma do IR até o fim de agosto.

Proposta Paulo de Guedes, que vincula pagamento à taxação de dividendos, enfrenta resistênci­a no Legislativ­o

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TEMPO Novos programas não podem ser lançados em ano eleitoral

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