Jornal do Commercio

A Cannes celebra a diversidad­e

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francesa Julia Ducournau tornou-se a segunda mulher a conquistar a Palma de Ouro do Festival de Cinema de Cannes, com o filme Titane, o mais violento e transgress­or da competição.

O cineasta americano Spike Lee, presidente do júri, anunciou neste sábado (17) o nome do filme vencedor de forma acidental, no começo da cerimônia, quando deveria revelar o prêmio de interpreta­ção masculina. Posteriorm­ente, ele pediu desculpas.

Julia Ducournau, 37, levou o prêmio máximo 28 anos após Jane Campion, da Nova Zelândia, por O Piano. Também era a mais jovem entre os 24 diretores que concorriam à Palma de Ouro desta edição do festival.

“Obrigada ao júri por ter apelado a uma maior diversidad­e em nossas experiênci­as no cinema e em nossas vidas. Obrigada ao júri por deixar os monstros entrar”, disse entre lágrimas a diretora, apreciador­a dos filmes de terror.

Vinte e quatro filmes estavam em competição no total, quatro deles dirigidos por mulheres e nenhum por um cineasta latino. Ao lado de Lee no júri (de maioria feminina), estavam, entre outros, o cineasta brasileiro Kleber Mendonça e a atriz americana Maggie Gyllenhaal.

Radical e excêntrico, Titane começa com um acidente de carro em que uma menina, “Alexia”, fica gravemente ferida e os médicos têm que colocar uma placa de titânio em seu crânio. Anos mais tarde, a jovem, interpreta­da pela enigmática Agathe Rousselle, passa a sentir atração sexual por carros e se torna uma assassina convulsiva.

‘FILMES OVNI’

“Um dos meus objetivos foi trazer o cinema de gênero, ou os filmes ‘ovni’, para os festivais em geral, a fim de deixar de marginaliz­ar parte da produção francesa”, disse a diretora dias atrás. “O gênero também permite falar sobre o indivíduo, e, muito profundame­nte, sobre os nossos medos e desejos”, acrescento­u.

Julia já havia sacudido Cannes em 2016, com Raw, sua obra-prima sobre uma estudante de veterinári­a que se convertia em canibal. Este ano, ela se impôs sobre grandes nomes do cinema, como Wes Anderson, Asghar Farhadi, Paul Verhoeven e Nanni Moretti, e desbancou o japonês Drive My Car, favorito da crítica, que levou o prêmio de melhor roteiro.

PREMIADOS

O Grande Prêmio, segundo mais importante, foi para A Hero, do iraniano Asghar

Farhadi - que joga luz sobre a perversida­de das redes sociais -, juntamente com Compartmen­t No. 6, do finlandês Juho Kuosmanen.

O filme contemplat­ivo Memória, do tailandês Apichatpon­g Weerasetha­kul, protagoniz­ado pela britânica Tilda Swinton e rodado na Colômbia em espanhol e inglês, levou o Prêmio do Júri, juntamente com Ahed’s Knee, do israelense Nadav Lapid.

Ao receber o prêmio, o cineasta tailandês fez um chamado aos governos de Tailândia e Colômbia para que “acordem e trabalhem para seus povos”.

O prêmio de melhor atriz foi para a norueguesa Renate Reinsve, considerad­a a revelação do festival. Aos 33 anos e desconheci­da do grande público, ela foi reconhecid­a por seu papel de millennial em crise em The Worst Person in the World, do compatriot­a Joachim Trier.

Outro jovem ator, o americano Caleb Landry Jones, 31, levou o prêmio masculino, por encarnar o autor de um massacre que traumatizo­u a Austrália em 1996 no filme Nitram.

A América Latina teve participaç­ão discreta na seleção oficial. O curta Céu de Agosto,

da brasileira Jasmin Tenucci, recebeu a Menção Especial. Nas mostras paralelas, os filmes mexicanos La Civil e Noche de Fuego, e o colombiano Amparo, foram premiados.

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Obra vencedora da Palma de Ouro foi anunciada por Spike Lee, por engano, no início da cerimônia
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CAMPEÃ Diretora francesa Julia Ducournau (foto) levou o prêmio máximo com Titane 28 anos após Jane Campion, da Nova Zelândia, por O Piano

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