Jornal do Commercio

Bolsonaro sinaliza veto ao “Fundão”

Presidente saiu do hospital defedendo Pazuello e criticando recursos para eleição

- Da Redação, com Agência Estado

presidente Jair Bolsonaro sinalizou nesse domngo (18) que pode vetar o fundo eleitoral de cerca de R$ 6 bilhões para as eleições 2022, aprovado na semana passada pelo Congresso Nacional, no âmbito da Lei de Diretrizes Orçamentár­ias (LDO). Ao receber alta, Bolsonaro afirmou na saída do Hospital Vila Nova Star, em São Paulo, onde ficou internado por quatro dias para tratar uma obstrução intestinal, que o vice-presidente da Câmara, Marcelo Ramos (PL-AM), atropelou a votação da LDO.

“Eu sigo a minha consciênci­a, sigo a economia e a gente vai buscar um bom sinal para isso tudo aí. Afinal de contas, eu já antecipo, R$ 6 bi pra fundo eleitoral, para financiame­nto de campanhas, pelo amor de Deus”, afirmou.

De acordo com o presidente, Ramos, que presidia a sessão, “passou por cima” e não pôs em votação um destaque à redação da LDO que alteraria o texto para suprimir a previsão de reajuste do fundo eleitoral.

O presidente disse também que os parlamenta­res são acusados injustamen­te de ter votado a favor do “fundão”. Para o presidente, com o valor de R$ 6 bilhões, daria para recapear grande parte da malha rodoviária do País ou concluir as obras que levam água para o Nordeste.

O presidente também tentou refutar acusações de corrupção de seu governo na compra de vacinas. Ele voltou a atacar a CPI da covid e defendeu o ex-ministro da Saúde general Eduardo Pazuello, visto em vídeo com representa­ntes de fabricante­s de vacina que atuavam em negociação sob suspeita de superfatur­amento, no gabinete do então segundo nome da Saúde, coronel Elcio Franco.

“Se fosse algo superfatur­ado, ele (Pazuello) estaria dando entrevista?”, questionou o presidente. “Brasília é o paraíso dos lobistas”, disse Bolsonaro, afirmando que, no entanto, nenhum dos que tentou superfatur­ar vacinas logrou êxito com seu governo. “É motivo de orgulho para mim saber que esses contatos não deram mais um passo.”

A World Brands Distribuiç­ão, de Santa Catarina, pretendia intermedia­r a venda ao governo de 30 milhões de doses da Coronavac por preço superior aquele exigido pelo Instituto Butantan, de São Paulo, que produz o imunizante e teve dificuldad­e em vender para o Ministério da Sáude.

O dono da empresa, Jaime José Tomaselli, já foi condenado pela Justiça Federal de Itajaí (SC), em maio de 2014, por participar de conluio que fraudou documentos de importação de produtos.

Tomaselli foi condenado a 1 ano e 6 meses de prisão. A pena foi transforma­da em pagamento de R$ 54 mil em multa e prestação de serviços comunitári­os. A decisão foi mantida pelo Tribunal Regional Federal da 4.ª Região. Um recurso e um habeas corpus foram negados pelo Superior Tribunal de Justiça.

REAÇÕES

Criticado, o vice-presidente da Câmara reagiu às declaraçõe­s de Bolsonaro. “Eu não tenho muito tempo para ficar batendo boca com o presidente por conta dessas palavras que ele joga ao vento. Mas quero lembrar com muita serenidade ao presidente que quem encaminhou a LDO com previsão de fundo eleitoral para o Congresso foi o governo dele. E quem articulou a votação na CMO para definir o valor e quem articulou a votação em plenário foram os líderes do governo dele”, respondeu Marcelo Ramos.

Quem também reagiu às críticas de Bolsonaro foi o presidente da CPI, Omar Aziz (PDB-AM). Ele voltou a acusar o presidente de ter prevaricad­o ao não investigar suspeitas de corrupção na compra de vacinas.

“O presidente mentir é normal, ele é contumaz nisso. Ele prevarica, ele desfaz fatos e cria versões. Ele está internado no hospital, mas está agredindo as pessoas. Ele tenta se vitimizar o tempo todo, mas a gente não vê na boca do presidente uma palavra de solidaried­ade ao povo brasileiro. Você só vê ódio”, disse o senador.

Após quatro dias internado, presidente teve alta de hospital

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CRÍTICA Para Bolsonaro, vice-presidente da Câmara, Marcelo Ramos, manobrou para aprovar aumento do Fundão

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