Jornal do Commercio

Brasil poderia estar imunizado até dezembro

- Agência Estado

Do alto de suas pernas de pau, o artista circense Leonardo Carvalho, de 31 anos, tinha uma visão panorâmica da Avenida Paulista na manhã de ontem. “Agora, vejo um mar de gente”, disse, por volta das 11 horas, enquanto olhava em direção ao Paraíso, na região central da cidade de São Paulo. No primeiro domingo em que a via foi reaberta para o lazer, após mais de um ano desde o início da pandemia, o movimento foi intenso e houve alguns pontos de aglomeraçã­o.

Artistas, ambulantes, turistas e paulistano­s com saudades da avenida sem carros encheram a via. A movimentaç­ão começou tímida às 8 horas, quando a Paulista foi liberada para pedestres, conta Carvalho. Ao longo da manhã, porém, o fluxo de pessoas aumentou. Músicos tocavam MPB. As apresentaç­ões de mágica no meio da rua atraíam famílias com crianças e provocavam concentraç­ões de pessoas.

Máscaras para distribuir e borrifador de álcool em gel nas mãos, Carvalho comemorava a contrataçã­o de artistas de circo pela Prefeitura para incentivar os cuidados contra o coronavíru­s na Paulista. Os vendedores também celebravam o movimento. “Para geral, fica melhor”, diz Luan Bruno da Silva, de 29 anos, com uma cestinha de balas na mão.

Há um mês, Silva vende doces na avenida depois que o bar que abriu no Capão Redondo, zona sul de São Paulo, teve de encerrar as atividades, em meio à pandemia. “Hoje a Paulista é minha vida “A maioria dos frequentad­ores usava máscaras, embora fosse possível ver um ou outro pedestre e ciclista sem. Funcionári­as da Prefeitura tentavam “pescar” os descuidado­s para distribuir equipament­os de proteção.

EVENTO-TESTE

A Paulista foi reaberta em caráter experiment­al e por pouco tempo - das 8 horas ao meio-dia, período considerad­o pela Prefeitura como de menor fluxo de pessoas. Na Praça do Ciclista, turistas faziam fotos e vídeos para o Instagram. De Curitiba, o analista de sistemas Marco Vinícius, de 40 anos, aproveitou a viagem a trabalho para conhecer a avenida sem carros. “Está tranquilo. Um dia lindo e não tão aglomerado.”

A professora Alessandra Oliveira, de 41 anos, viu as notícias da reabertura no jornal e também resolveu aproveitar o domingo ensolarado com os filhos, de 12 anos.

A família, que frequentav­a a Paulista todos os domingos antes da pandemia, sentia falta - a mãe, da feirinha; o pai, dos artistas de rua; e os gêmeos Iago e Igor, de admirar os prédios altos e do espaço para brincar.

“As crianças não aguentam mais ficar presas em casa”, diz Alessandra, que veio de Itaquera, zona leste, para a Paulista. Por volta das 11 horas, os gêmeos tentavam aproveitar a última hora da avenida sem carros para andar de skate. Para a professora, seria melhor estender o tempo de reabertura - até para diluir o público e evitar aglomeraçõ­es.

Antes da pandemia, a Paulista ficava aberta das 10 horas às 18 horas, aos domingos e feriados. A Prefeitura de São Paulo pretende acompanhar o primeiro dia de reabertura para decidir sobre novas flexibiliz­ações na cidade.

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LIBERADA Avenida lotou e atraiu famílias, ambulantes e artistas

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