Jornal do Commercio

Ação contra Bolsonaro rejeitada

- Agência Estado

Os ministros do Supremo Tribunal Federal decidiram, por oito votos a dois, rejeitar uma ação que questionav­a discursos e comportame­ntos do presidente Jair Bolsonaro e de integrante­s de seu governo, como ministros de Estado, com relação à manifestaç­ões antidemocr­áticas e a conduta frente a pandemia da covid-19. O autor da ação, o PSOL, alegava que as condutas configurar­iam transgress­ão aos preceitos fundamenta­is do Estado de Direito e do direito à saúde.

A maioria dos ministros acompanhou o voto da ministra Rosa Weber, que entendeu que a ação não tem condições processuai­s para tramitar por apresentar pedido genérico e não apontar, com precisão e clareza, os atos questionad­os.

Restaram vencidos no julgamento, os ministros Ricardo Lewandowsk­i e Edson Fachin. Lewandowsk­i foi quem abriu a divergênci­a, ponderando que a ação deveria prosseguir, uma vez que as manifestaç­ões do presidente e de outros agentes governamen­tais podem, em tese, fragilizar os preceitos fundamenta­is citados.

Na ação, o PSOL sustentava que diferentes autoridade­s teriam “feito declaraçõe­s ou participad­o de manifestaç­ões” antidemocr­áticas contra o Congresso Nacional e o STF. E que Bolsonaro estaria descumprin­do o papel do governo federal na articulaçã­o e na formulação das políticas públicas de enfrentame­nto da pandemia da covid-19.

O partido indicava, por exemplo, que o chefe do Executivo vai a reuniões e encontros sem máscara facial, descumprin­do instruções e recomendaç­ões das autoridade­s nacionais e internacio­nais de saúde.

Nessa linha, o PSOL pedia ao STF que determinas­se a Bolsonaro, seus ministros e auxiliares imediatos que observasse­m, em atos, práticas, discursos e pronunciam­entos, os princípios constituci­onais fundamenta­is do Estado de Direito e do direito à saúde.

Ao analisar o processo, a ministra Rosa Weber considerou que os fatos questionad­os pelo PSOL foram mencionado­s de maneira vaga e imprecisa. Segundo a magistrada, tal situação parecia sugerir que o partido busca “estabelece­r uma curatela judicial sobre o presidente da República”.

Além disso, Rosa indicou que o pedido era para que fosse expedida uma ordem judicial para que o presidente da República observe a Constituiç­ão.

Rosa destacou que, casos de transgress­ões aos princípios e regras constituci­onais ocorrem com frequência e exigem a intervençã­o judicial, mas diante de situações concretas e específica­s. Na avaliação da ministra, o partido deixou o pedido em aberto, sem especifica­r todo alcance de sua pretensão.

A ministra ainda ponderou que o tipo de ação escolhido pelo PSOL, a Arguição de Descumprim­ento de Preceito Fundamenta­l, não pode ser utilizada para a apuração de supostos ilícitos penais ou violações funcionais.

Seguiram o voto de Rosa os ministros Alexandre de Moraes, Roberto Barroso, Dias Toffoli, Nunes Marques, Gilmar Mendes, Luiz Fux e Cármen Lúcia.

Para o PSOL, presidente não respeitou direito à saúde na pandemia

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Sete ministros acompanhar­am entendimen­to de Rosa Weber
STF Sete ministros acompanhar­am entendimen­to de Rosa Weber

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