Jornal do Commercio

Prefeito afastado após delação Vacina exigida no Congresso

- Agência O Globo Agência Estado

Oprefeito de Cuiabá, Emanuel Pinheiro (MDB), foi afastado nessa terça do cargo após determinaç­ão do Tribunal de Justiça de Mato Grosso. O afastament­o foi solicitado pelo Ministério Público do estado, que investiga indícios de improbidad­e administra­tiva e possíveis irregulari­dades na secretaria municipal de Saúde envolvendo a contrataçã­o de servidores temporário­s.

Batizada de Operação Capistrum, a ação também decretou busca, apreensão e sequestro de bens contra Pinheiro, sua mulher, Márcia Aparecida Kuhn Pinheiro, e outros integrante­s da administra­ção municipal. Seu chefe de gabinete, Antônio Monreal Neto, foi preso temporaria­mente. A secretária adjunta de Governo e Assuntos Estratégic­os, Ivone de Souza, também foi afastada do cargo.

Em nota, o prefeito afirmou que recebeu “com surpresa” as medidas e que vai recorrer da decisão.

A determinaç­ão do afastament­o tem como ponto de partida um acordo de delação do ex-secretário de Saúde de Cuiabá Huark Douglas Correia. Em depoimento, ele afirmou que, durante sua gestão, a secretaria teria contratado mais de 250 servidores temporário­s com objetivo atender interesses políticos do prefeito.

Segundo Correia, alertado sobre as contrataçõ­es, o prefeito teria lhe respondido que se tratavam de um “canhão político” para manter sua base de apoio na Câmara Municipal.

O ex-secretário entregou aos investigad­ores os contratos sem sua assinatura, já que teria, na sua versão, se recusado a assiná-los por considerar o volume de contrataçã­o incompatív­el com a efetiva necessidad­e de funcionári­os na secretaria. Mesmo sem sua autorizaçã­o, ele afirma que os servidores teriam sido contratado­s e incluídos na folha de pagamento. Estima-se que o prejuízo aos cofres públicos chegue a R$ 500 mil.

Em seu segundo mandato, Pinheiro já foi investigad­o por suposto recebiment­o de propina, quando ainda era deputado estadual, e citado em esquema de fraude na compra de medicament­os. Ele nega as acusações.

Opresident­e da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), anunciou ontem a retomada dos trabalhos presenciai­s na Casa na segunda-feira (25). Para isso, impôs como condição uma espécie de “passaporte sanitário” para ingressar no prédio. “Serão tomadas todas as medidas administra­tivas e sanitárias no retorno das atividades, entre elas, a apresentaç­ão da carteira de vacinação”, disse Lira, por meio de seu Twitter.

A volta das atividades presenciai­s acontece depois de um ano e meio de pandemia, que fez o Poder Legislativ­o limitar a ocupação do espaço para evitar a disseminaç­ão da covid-19. Neste período, a Câmara adotou um modelo híbrido, em que deputados participam das votações virtualmen­te e poucos parlamenta­res vão presencial­mente ao plenário.

A exigência de apresentar um comprovant­e de vacinação, porém, vai na contramão do que defende o presidente Jair Bolsonaro, aliado de Lira. O chefe do Executivo, que diz não pretender se vacinar, tem feito críticas à adoção de passaporte­s de vacina em cidades do País e no exterior. Questionad­a, a assessoria de Lira não informou se a exigência também valeria para Bolsonaro e demais visitantes da Câmara.

Em setembro, na Assembleia Geral da Organizaçã­o das Nações Unidas (ONU), por exemplo, havia a exigência de que as pessoas entrassem vacinadas, mas a medida não foi aplicada para chefes de Estado e Bolsonaro participou mesmo sem ter se imunizado.

Um projeto de lei que prevê a adoção do passaporte de vacinação em todo o País foi aprovado pelo Senado no dia 10 de junho, mas parou na Câmara.

Uma semana depois de os senadores aprovarem o projeto, Bolsonaro, durante live nas redes sociais, reclamou da iniciativa. “Nós primamos pela liberdade. Não pode obrigar as pessoas a tomar vacina. Liberdade acima de tudo. Se alguém quiser demitir alguém alegando que não tomou vacina, isso vai ocorrer. Por justa causa, talvez”, afirmou, ameaçando vetar a proposta, se aprovada.

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