O risco de ir longe demais
O ano era 2015 e o PT ainda comemorava a reeleição de Dilma Rousseff quando, num desse momentos de sinceridade, o ministrochefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante, confessou que o governo foi “longe demais” com as desonerações tributárias concedidas a segmentos da economia. Tinha ido mesmo. Mas não tinha ficado só nisso. A presidente tinha comprometido toda a economia com uma série de bobagens que nos levou à crise de 2015 e 2016, e que nos levou a um segundo impeachment de presidente.
Esse risco a cada dia está se tornando mais visível no governo Bolsonaro e a construção de uma solução que viabilize a promessa de que pagará R$ 400 como Auxílio, em 2022, reforça isso. Ninguém discute a necessidade de socorrer as 17 milhões de famílias da lista oficial do Ministério da Cidadania, 14 milhões delas protegidas pelo Bolsa Família. O problema é que o governo que tem R$ 34 bilhões precisa de mais R$ 48 bilhões em ano de eleição.
Tem gente louca por Bolsonaro no governo que está disposta a “fazer o impossível”, como disse a própria Dilma na campanha para o segundo mandato. A crise de 2022 já está contratada com crescimento de 2%, na mais otimista estimativa. Isso vai levar a ao menos um trimestre negativo. Mas o que pode vir é o que assusta. O projeto do IRPJ e o dos Precatórios também empacaram no Senado. É por isso que e o governo já fala abertamente em não apenas furar, mas estourar o tetp de gastos. O Auxílio Emergencial se tornou emblemático, mas o que assusta em 2023 é o que, em 2022, o Bolsonaro vai entregar.