Jornal do Commercio

Advogada presta depoimento

- RENATA MONTEIRO rmonteiro@jc.com.br

Aadvogada de 29 anos que foi atropelada no início do mês durante a dispersão de um ato contra o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) na área central do Recife prestou depoimento à Polícia Civil pela primeira vez ontem. A mulher, que prefere não divulgar o nome, esteve no Departamen­to de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) acompanhad­a pela secretária da Comissão de Advocacia Popular (CAP) da OAB-PE, Beatriz Calado, foi ouvida pelos policiais e deixou o local sem falar com a imprensa.

“Ela quis fazer a parte dela e contar a sua versão dos fatos, na medida do que ela lembra. Porque foi uma situação muito grave, ela bateu a cabeça, ainda está com pontos, tem um coágulo, possui dez pinos na perna, então é natural que ela não se lembre de muita coisa”, explicou Beatriz, afirmando não poder repassar muitas informaçõe­s sobre o depoimento porque o processo corre em segredo de Justiça.

O incidente envolvendo a advogada ocorreu no dia 2 de outubro, na Avenida Martins de Barros, bairro de Santo Antônio. Testemunha­s contam que o motorista de um veículo Jeep Renegade, o administra­dor Luciano Matias Soares, furou o bloqueio feito pelos manifestan­tes e atingiu a mulher, arrastando-a por cerca de 50 metros.

À época, em entrevista à imprensa, Luciano disse que tudo só ocorreu “porque ela se pendurou no carro”. De acordo com a CAP, a jovem sofreu uma convulsão após o atropelame­nto, rompeu o ligamento do tornozelo, precisou passar por cirurgia e levou pontos na cabeça.

“Para além da questão física, porque a pessoa teve alta com dez pinos no pé e um coágulo, não sabe quando vai poder voltar a andar sem o auxílio de muletas ou cadeira de rodas, há também o fator psicológic­o. É um trauma muito sério a pessoa estar lá trabalhand­o, como eu também estava, inclusive, e do nada acontecer um crime desses”, pontuou Beatriz Calado.

A defensora contou, ainda, que o condutor do veículo que provocou o acidente não procurou a vítima em nenhum momento até agora. “Ele não procurou ela, as suas advogadas, a OAB, a comissão, nada”, completou.

A Polícia Civil não vai se pronunciar sobre o caso até a conclusão das investigaç­ões.

Incidente ocorreu no início do mês, durante dispersão de protesto

 ?? ?? SOCORRO Vítima recebeu ajuda de manifestan­tes após ser atingida
SOCORRO Vítima recebeu ajuda de manifestan­tes após ser atingida

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil