Allan sugere que não se entrega
Após o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinar a prisão preventiva do blogueiro Allan dos Santos, o jornalista concedeu uma entrevista para a Jovem Pan na qual afirmou que ficou sabendo da decisão pela imprensa e que sente perseguido por, segundo ele, ter dito algo que não agradou ao magistrado. Allan dos Santos é suspeito de atuação em organização criminosa, crimes contra a honra e incitação a crimes, preconceito e lavagem de dinheiro. Atualmente, ele está nos Estados unidos, e por essa razão Moraes requisitou também o bloqueio de contas e remessas de dinheiro para ele e cooperação jurídica para a sua extradição.
Durante a entrevista, o blogueiro afirma que, a princípio, não pretende se entregar às autoridades norte-americanas, e que seguirá “fazendo jornalismo, de modo muito tranquilo”. No boletim do Terça livre, porém, o blogueiro disse que se entregaria se o pedido de Moraes for acatado pela Interpol. À Jovem Pan ele contou, ainda, que não teve acesso à íntegra da decisão de Moraes e, por isso, não sabe sequer o que motivou a determinação da prisão.
“Vou ver com os meus advogados a decisão do Alexandre de Morais, pois parece que ela só saiu após as notícias, com o G1 agindo como assessoria de imprensa do ministro. Uma empresa privada servindo de assessoria de imprensa para um ministro da Suprema Corte. Eu quero ter as informações oficiais. (...) O que eu pude observar, de acordo com o G1, é que a decisão foi essa: ‘ele falou algo que eu não gostei e eu quero prendê-lo’”, declarou Allan dos Santos.
Dos Santos explicou, ainda, que espera que a lei seja aplicada no seu caso e, ao ser questionado se pediria asilo nos Estados Unidos, se recusou a tornar públicos os passos que adotará no futuro. “Eu não quero que a minha vontade seja estabelecida dentro de uma República. Eu quero que a lei seja aplicada. Só isso”, cravou.
A Polícia Federal usou uma série de alegações para solicitar a prisão do bolsonarista, inclusive o fato de que ele estaria em contato com pessoas responsáveis por organizar a tentativa golpista de invasão ao Capitólio, o Congresso dos EUA, para tentar evitar a declaração de vitória do presidente Joe Biden sobre o seu antecessor, Donald Trump, durante as eleições do ano passado.
SILVEIRA
Ontem, o STF também formou maioria para negar habeas corpus da defesa do deputado Daniel Silveira, mantendo a prisão do bolsonarista que é réu por divulgar um vídeo com apologia ao Ato Institucional 5 (AI-5) e discurso de ódio contra integrantes da Corte. O caso é discutido no Plenário virtual da corte. Até o momento, sete ministros acompanharam o voto do relator, ministro Luís Roberto Barroso. O ministro Alexandre de Moraes se declarou impedido, faltando apenas o voto do decano Gilmar Mendes para conclusão do julgamento.