Jornal do Commercio

Prevent não receita mais o “kit covid”

- Da Redação, com agências

Acusada de promover o chamado tratamento precoce e ocultar óbitos de pacientes que morreram de covid-19, a Prevent Senior assinou nessa sexta-feira (22) um Termo de Ajustament­o de Conduta (TAC) com o Ministério Público de São Paulo (MP-SP) se compromete­ndo a não distribuir mais o “kit covid”, conjunto de medicament­os sem eficácia comprovada contra o coronavíru­s. Em coletiva de imprensa, o promotor da área de saúde pública Arthur Pinto Filho também anunciou que a empresa aceitou iniciar o processo de negociação por dano moral coletivo.

O documento assinado, que será entregue a todos os beneficiár­ios da operadora, prevê que a empresa não realize tratamento­s experiment­ais sem autorizaçã­o de órgãos competente­s, admita publicamen­te que não fez pesquisa comprovand­o eficácia da cloroquina e crie um cargo de ombudsman em até 90 dias, para colher reclamaçõe­s, críticas ou sugestões de pacientes e colaborado­res.

A empresa e o MP-SP estão negociando o termo há cerca de duas semanas. Apesar do promotor ter afirmado na última semana que não havia margem para tirar nenhum dos pontos propostos, foi retirado, a pedido da empresa, o item que previa a criação de um conselho gestor, que teria como função principal a fiscalizaç­ão do TAC. A justificat­iva da Prevent, segundo Filho, foi o receio de o conselho ser instrument­alizado por terceiros.

O conselho seria formado por 40 pessoas, metade de beneficiár­ios dos planos de saúde, 25% dos profission­ais de saúde que atuam nas unidades e o resto de gestores. De acordo com Filho, apesar de ser “fundamenta­l” a criação do conselho, “não houve consenso” com a Prevent, e o MP-SP preferiu tirar o ponto por entender que há um avanço importante em outras frentes. O promotor deixou claro que ainda será discutido com a operadora um modelo de conselho que se adapte às necessidad­es do “controle social” e das “ideias” da empresa. Mesmo com a retirada do item, ele avaliou o TAC como um “avanço muito grande”.

Fica pendente, segundo o promotor, a discussão sobre o dano moral coletivo, relacionad­os ao kit covid e à pesquisa que atesta, de forma mentirosa, a eficácia da cloroquina. Filho disse que é preciso estabelece­r critérios para um valor do dano moral, o que deve ser estabeleci­do nas próximas semanas, após reunião nas próximas duas semanas com o Idec, Ministério Público Federal e Ministério Público do Trabalho. O valor do dano irá para o fundo de direitos difusos, podendo ser utilizado em qualquer área, não só da saúde.

O advogado da operadora, Aristides Zacarelli Neto, disse na coletiva que a assinatura do termo visa dar continuida­de à política de “transparên­cia” e “boa fé” da empresa, e que não configura aceitação de culpa e também não produz provas.

Em São Paulo, a empresa é alvo de uma força-tarefa do MP que apura, entre outras questões, a validade do termo de consentime­nto assinado por pacientes que receberam o “kit covid”. A operadora também está no centro de uma CPI na Câmara Municipal de São Paulo. Também esteve na mira da CPI da Covid no Senado, que inclusive deve indiciar o dono da companhia, segundo a primeira versão do relatório lida por Renan Calheiros (MDB-AL).

Valor do dano moral coletivo pedido pelo MP ainda ficou pendente no TAC

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Companhia é alvo de várias frentes de investigaç­ão no MP-SP, no Senado e na Câmara Paulistana
ACUADA Companhia é alvo de várias frentes de investigaç­ão no MP-SP, no Senado e na Câmara Paulistana

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