Jornal do Commercio

Deputados contra exigir vacinação

- Agência O Globo

A bancada ligada ao presidente Jair Bolsonaro se rebelou contra a exigência da direção da Câmara que condiciona o acesso dos parlamenta­res às dependênci­as da Casa à apresentaç­ão do cartão de vacinação. A partir de segunda-feira (25), os deputados terão que enviar o comprovant­e de imunização para entrar no prédio e também participar de votações no plenário. Mesmo com vacinados, integrante­s do grupo se recusam a apresentar o documento, que chamam de “passaporte sanitário”. Os argumentos dos deputados são similares ao de Bolsonaro, que defende o “direito de ir e vir”, sem condiciona­ntes, mesmo numa pandemia.

“Sou contra a exigência da vacina para circular dentro da Câmara. Estamos numa democracia, somos livres. Grande parte do meu partido (PSL) é contrária a essa obrigação de apresentar passaporte. Me vacinei duas vezes, mas não vou apresentar cartão algum”, disse o Coronel Armando (PSL-SC).

O deputado Junio Amaral (PSL-MG) não se vacinou e afirmou que “exige” ser respeitado por sua decisão. O parlamenta­r acredita que a possibilli­dade da apresentaç­ão do laudo laboratori­al

BOLSONARIS­TA

Junio Amaral não se vacinou e não quer ser barrado

mostrando que não está infectado seja suficiente.

“Não me vacinei, mas também posso me vacinar lá na frente. Não descarto isso. Mas exijo respeito em relação a minha decisão de, nesse momento, não me vacinar. Soube que será aceito um teste negativo e que não é algo tão categórico assim”, disse Junio Amaral.

O parlamenta­r mineiro se refere a alternativ­a inserida pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), no texto que abre uma brecha para o deputado, em vez do cartão de vacinação, apresentar um laudo laboratori­al.

O deputado Bibo Nunes (PSL-RS) é outro aliado do

Planalto que não quer saber dessa medida de Lira. Ele tem sua teoria de que, mesmo vacinada, a pessoa consegue vir a contaminar e a ser contaminad­o. E também apela para o direito de “ir e vir”.

“Sou contra essa medida. Que o Lira troque essa medida, de apresentar cartão, por um teste de covid-19 em cada deputado a cada quinze dias. O Lira está querendo estar dentro da coisa certinha demais. Não se pode impedir um deputado, por qualquer razão que seja, de entrar no plenário”, disse Bibo Nunes, que afirmou já ter tomado as duas doses.

Durante a semana, quando Lira anunciou em suas em redes sociais que exigiria o comprovant­e da imunização, a presidente da Comissão de Constituiç­ão e Justiça (CCJ), Bia Kicis (PSL-DF), reagiu. Ela afirmou que a vacinação não impede a transmissã­o do vírus, mas omitiu as evidências científica­s que tratam o imunizante como fator fundamenta­l para o controle da pandemia.

“Presidente Arthur Lira, a vacina não impede o contágio nem a transmissã­o do vírus. Portanto, essa carteira de vacinação é inócua e fere o direito de quem opta por não se vacinar por não se sentir seguro. Se mais de 90% está vacinada, não confiam na vacina?”, escreveu a deputada.

Em reunião com a bancada feminina, anteontem, Lira foi cobrado por algumas deputadas sobre a exigência de se comprovar vacinação para o ingresso na Câmara. Mesmo para ir a seus gabinetes, os parlamenta­res terão que enviar a prova de estarem imunizados à direção da casa.

Na conversa, o presidente da Câmara se queixou que, com as votações remotas, tem deputados entregando celular para assessor - quem acompanha de fato a votação em alguns casos - e já estariam cuidando de assuntos da campanha eleitoral de 2022. E alertou para o risco de processos no Conselho de Ética por essa razão.

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