Jornal do Commercio

Problemas na busca de solução

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Para reduzir o tamanho do déficit, especialis­tas apontam que é preciso pensar em soluções integradas que melhorem a qualidade de vida da população e demandam investimen­to direto do poder público, sem transferên­cia da responsabi­lidade para a iniciativa privada.

“Não vejo Recife estruturan­do essa política (habitacion­al) de forma transparen­te, com programas estabeleci­dos e que gerem resposta em escala suficiente. Projetos pilotos precisam ganhar outra perspectiv­a, com investimen­to público direto, sem contrapart­ida. Temos um problema complexo que a prefeitura precisa encarar”, aponta Socorro Leite.

Segundo ela, falta priorizaçã­o para a questão da habitação na cidade e mesmo quando tomadas iniciativa­s, elas seguem paliativas, sem dar conta do problema como um todo.

“O programa recentemen­te lançado, de regulariza­ção fundiária, é muito pequeno. É preciso ter linhas programáti­cas mais propícias para a atração de recursos. A prefeitura anunciou recentemen­te um novo empréstimo com a Caixa, que será usado para infraestru­tura viária. O que é mais urgente, fazer pontes ou casas? Isso acaba na verdade aumentando o déficit, com mais despejo”, alerta Leite.

De acordo com o coordenado­r da pesquisa da déficit habitacion­al da Fundação João Pinheiro, Frederico Poley, é preciso pensar na construção de habitações, locação social e também serviços de infraestru­tura em toda a cidade. “Quando garante a infraestru­tura, pode pensar até também no deslocamen­to dessa demanda, aumentando a oferta de habitação adequada, que pode gerar uma tendência de redução dos preços, com maior oferta adequada pela cidade”, defende.

Na questão da locação, a ação mais direta da prefeitura no repasse de recursos está no auxíliomor­adia, hoje pago a 5.660 famílias, no valor de R$ 200 por mês. levandose em conta essa única fonte para pagamento de aluguéis, subentende-se que essas pessoas ampliam a conta do déficit qualitativ­o, conseguind­o apenas acessar moradias precárias ou gerando coabitaçõe­s.

Na última quinta-feira, a prefeitura anunciou um novo programa voltado para a construção de habitações. Um pacote de benefícios fiscais oferecerá isenções de impostos e taxas municipais para a atividade das construtor­as, especialme­nte. A previsão é que mais de 8 mil empreendim­entos residencia­is saiam do papel até o fim de 2022 na cidade, reunindo mais de R$ 3 bilhões e gerando quase 20 mil empregos. A PCR garante que o programa irá priorizar a habitação social, mas não diz como.

Outra ação em espera vem do governo federal, com a locação social. Anunciada há um ano, dentro do Programa Casa Verde e Amarela, a medida inclui a produção habitacion­al por meio de Parceria Público-Privada (PPP). Ainda em fase de definição, o projeto piloto quer atender famílias com renda mensal de até R$ 2 mil e outro grupo entre R$ 2 mil e R$ 4 mil com acesso a imóveis com locação facilitada.

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