Segundo caso suspeito em PE
HEPATITE MISTERIOSA
de hemodinâmica que funciona de domingo a domingo, fazendo todos os procedimentos por hemodinâmica, muitos pacientes são encaminhados porque têm aneurisma cerebral, precisam fazer arteriografia e embolização por hemodinâmica. Somos o único centro público que fazemos isso no Estado.
JC – E como está a ocupação hoje da emergência e do trauma? Arcanjo –
A nossa emergência clínica tem capacidade instalada teoricamente de 110 pacientes. Hoje (ontem) tínhamos quase 160, um aumento de 50%. Já na unidade de trauma, temos previsão de 120 pacientes, e atualmente estamos beirando os 200 pacientes. Isso é uma coisa corrente. A emergência clínica melhorou substancialmente, mas precisa melhorar ainda. Então, estamos trabalhando para aprimorar os leitos de retaguarda, que estão sendo qualificados. O hospital do Prado, que está recebendo nossos pacientes, está agora com 40 leitos. Mas ele tem capacidade para duplicar o número de leitos. Mas é preciso qualificar o hospital, que estava desativado.
JC - Na tentativa de resolver a situação da neurocirurgia, como está a articulação com a Secretaria Estadual de Saúde? Arcanjo -
A proposta da secretaria é abrir inicialmente os leitos de retaguarda para neurologia (o que já vem sendo feito), pois o doente da neurocirurgia é o mais complexo para se tratar na medicina. Ele precisa de estrutura. Para se ter ideia, todos os nossos doentes de neurocirurgia que são operados eletivamente têm leitos de UTI reservados. Cada microscópio que temos aqui custou, ao Estado, mais de 500 mil reais. E hoje preço duplicou praticamente. Então, leva um tempo por causa do dinheiro, e tudo tem que ter licitação. A proposta do secretário (André Longo) é abrir os leitos de retaguarda em neurocirurgia o mais rápido possível, e eu espero que, daqui a três meses, isso seja possível.
JC - Como se resolver o problema de superlotação no HR, com dezenas de macas e pacientes pelos corredores?
Arcanjo – É preciso segurar a entrada e aumentar a saída (de pacientes). Primeiramente, há Hospital Regional do Agreste, em Caruaru, com serviço de neurocirurgia com dois neurocirurgiões por plantão 24 horas, sete dias na semana. Esse hospital infelizmente opera pouquíssimo. Ele precisa fazer número de cirurgia minimamente aceitável. Dessa forma, pode-se descentralizar um bom percentual de pacientes da neurocirurgia e do trauma. Em segundo lugar, é necessário ter um hospital de apoio pra tirar os doentes excedentes de tumor e aneurisma que estão no HR e não têm para onde ir, pois têm que esperar a nossa fila cirúrgica. E terceiro: hospitais universitários devem passar a operar cirurgias de alta complexidade, de todas as magnitudes. O Hospital das Clínicas (HC da UFPE) e o Oswaldo Cruz (HUOC) não operam neurocirurgia. Aliás, o HC até opera, mas pouco. Há muitos caminhos que podem dar uma ajuda muito grande e descentralizar a ação de tudo o que tem vem para o HR. Temos aqui um parque com quatro tomógrafos, uma ressonância, uma hemodinâmica, oito aparelhos de ultrassom, médico radiologista de plantão por 24 horas, todos os dias. Então, qualquer cidadão que chegar aqui, após um acidente grave de carro, por exemplo, é atendido em até 20 minutos. Ele é visto pelo cirurgião geral, pelo cirurgião vascular, pelo traumatologista, pelo neurocirurgião, e é feita tomografia de corpo inteiro, quando há necessidade. Então, o problema do HR, em síntese, não está no HR. O hospital faz a parte dele, e faz muito bem. Claro que sempre precisa de ajuste, como tudo na vida. Mas o problema do HR está na rede, no sistema.
Pernambuco registrou, ontem, o segundo caso suspeito de hepatite aguda grave de origem desconhecida. A Secretaria Estadual de Saúde (SES) já notificou o Ministério da Saúde. O novo registro é de um adolescente do sexo masculino, de 14 anos, que reside no município de Salgueiro, no Sertão do Estado.
De acordo com a SES, o paciente deu entrada no Hospital Getúlio Vargas, no bairro do Cordeiro, na Zona Oeste do Recife, no sábado, com quadro de febre e artralgia, após ter sido atendido inicialmente no Hospital Regional Inácio de Sá, em Salgueiro.
A Secretaria de Saúde informou que os primeiros exames coletados detectaram aumento nas transaminases, que são enzimas intracelulares que atuam catalisando diversas reações, principalmente no fígado, e um dos critérios elencados pelo órgão federal para definição de caso suspeito.
O adolescente de 14 anos segue internado em enfermaria da unidade, evoluindo bem ao tratamento e sendo acompanhado pela equipe multiprofissional do serviço.
Na segunda-feira, o Ministério da Saúde já havia confirmado o primeiro caso suspeito em Pernambuco: uma criança de um ano, do sexo masculino, residente no município de Toritama. Ele foi admitido no Hospital Mestre Vitalino no dia 27 de abril. O paciente, com quadro de febre, rash cutâneo e dor abdominal com hepatomegalia, foi acompanhado pela equipe, apresentou melhora clínica e recebeu alta no dia 06.
A investigação do caso, segundo a SES, ainda segue com exames complementares para investigação laboratorial das hepatites virais, de outros agentes possivelmente relacionados a este tipo de hepatite e a outras doenças.
“O Centro de Informações Estratégicas de Vigilância em Saúde de Pernambuco emitiu nota de alerta orientando toda a rede de saúde - unidades públicas e privadas - para que, na observação de casos suspeitos e que atendam às definições, realizem a notificação de imediato”, informou a secretaria.
Há confirmação da doença, cuja origem ainda é desconhecida, em mais de 20 países. Esse tipo específico da hepatite infantil, em 10% dos doentes, pode exigir transplante de fígado e até matar.