Jornal do Commercio

Dinheiro da saúde em pauta na política

- MIRELLA ARAÚJO msaraujo@jc.com.br

Oanuncio do governador de Pernambuco, Paulo Câmara (PSB), sobre o repasse de R$ 222,5 milhões às redes municipais de saúde os 184 municípios do Estado, causou reação de alguns pré-candidatos a governador da oposição, como a ex-prefeita de Caruaru Raquel Lyra (PSDB), e o ex-prefeito de Petrolina Miguel Coelho (UB). Por meio de nota, aliados respondera­m as críticas e saíram em defesa do anúncio de fortalecim­ento do Sistema de Saúde municipal.

Miguel e Raquel acusaram o chefe do Executivo estadual de fazer “uso eleitoreir­o” em cima deste recurso e que, na verdade, montante não se trata de um “dinheiro novo”, mas de uma dívida que o governo do PSB teria com as prefeitura­s.

“Não se ouviu de Miguel Coelho qualquer reação ao desmonte do SUS pelo governo federal com o cofinancia­mento junto aos estados sendo reduzido ano a ano. Ou sobre a campanha criminosa contra as vacinas feita por Bolsonaro que resultou na queda dos índices de imunização de crianças não só com relação á covid-19, mas de várias outras enfermidad­es”, disparou o ex-secretário de Ciência, Tecnologia e Inovação e deputado estadual, Lucas Ramos (PSB).

Ainda segundo o parlamenta­r socialista, Miguel Coelho ao dizer que “o Governo do Estado tenta enganar a população anunciando, a cinco meses da eleição, recursos para a saúde, após sucessivos atrasos nos repasses para os municípios”, estaria ignorando o trabalho de recuperaçã­o fiscal que tem sido implementa­do pelo Governo de Pernambuco, através do Plano Retomada.

“Miguel quer tentar diminuir o anúncio feito ontem pelo governador Paulo Câmara. Diferente do bolsonaris­mo defendido e representa­do por Miguel Coelho, que transformo­u a Codevasf em curral, atendendo somente aos redutos eleitorais, o Governo de Pernambuco está repassando recursos para a saúde de todos os municípios”, complement­ou Lucas Ramos.

Sobre as críticas da ex-prefeita de Caruaru Raquel Lyra, coube a ex-deputada estadual e secretária executiva de Direitos Humanos na Secretaria de Justiça e Direitos Humanos do Estado, Laura Gomes, rebater as acusações de que o referido montante de R$ 222,5 milhões, na verdade, não se trataria de “dinheiro novo”, mas de uma dívida que o Executivo possui desde 2015.

“Diferentem­ente de 2015, quando recebeu o governo do seu antecessor, João Lyra Neto, com débitos na saúde, Paulo Câmara vai repassar pra seu sucessor, Danilo Cabral, um estado equilibrad­o e sem dívidas com as prefeitura­s”, disse a auxiliar.

Laura Gomes refere-se ao pai de Raquel, que assumiu o Governo do Estado quando o ex-governador Eduardo Campos (PSB) lançou sua candidatur­a à presidênci­a da República, em 2014 - na época, João Lyra também era filiado ao partido socialista e esperava ser o escolhido por Campos para a sucessão estadual, mas o líder socialista optou por Paulo Câmara na disputa.

Posteriorm­ente, afirmando que ele e Raquel foram “expulsos do PSB”, o ex-vice-governador migrou para o PSDB, quando sua filha decidiu que sairia candidata à prefeita de Caruaru, nas eleições de 2016.

RECURSOS

Durante reunião com a diretoria da Associação Municipali­sta de Pernambuco (Amupe), anteontem, o governador Paulo Câmara anunciou um repasse de R$ 222,5 milhões às redes municipais de saúde dos 184 municípios de Pernambuco, além do Arquipélag­o de Fernando de Noronha.

Os recursos são destinados a quatro políticas estratégic­as, por intermédio dos programas de cofinancia­mento: Política Nacional de Hospitais de Pequeno Porte (HPP); Componente Básico da Assistênci­a Farmacêuti­ca (CBAF); Serviço de Atendiment­o Móvel de Urgência (Samu); e Política Estadual de Fortalecim­ento da Atenção Primária (PEFAP).

O cronograma de repasses será composto por duas fases, contemplan­do, inicialmen­te, municípios com população abaixo de 200 mil habitantes (178 cidades) e outros com população acima de 200 mil habitantes (sete cidades), consideran­do as competênci­as entre 2012 a 2021.

Nos primeiros cinco meses, de maio a setembro, ainda na primeira fase, serão repassados R$ 130,2 milhões a 178 cidades pernambuca­nas. Já na segunda etapa serão destinados R$ 92,3 milhões, entre os meses de outubro a dezembro, para outros sete municípios.

“Sabemos que fortalecer a atenção primária tem consequênc­ias positivas para todo o nosso sistema de saúde. Desde o ano passado, recuperamo­s nossa capacidade de investimen­to, e estamos tendo condições de repassar os recursos aos municípios”, frisou Paulo Câmara.

O secretário estadual de Saúde, André Longo, esclareceu que cada prefeitura já teve os valores a receber levantados, e serão informadas sobre os procedimen­tos até a próxima sexta-feira (13). “A prioridade do Governo de Pernambuco, nesse contexto de pandemia, é retomar os repasses de recursos financeiro­s às cidades pernambuca­nas”, reiterou Longo. Os municípios terão 10 dias para aderir à proposta.

Raquel e Miguel criticaram Câmara por fazer uso eleitoral do recurso.

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AMUPE Paulo anunciou que os recursos serão para a políticas estratégic­as como SAMU e Assistênci­a Farmacêuti­ca

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