Intersecções entre Gabi, Vinícius e o País
EXPOSIÇÃO SHOW
Patrimônio Vivo de Pernambuco desde 2005, o xilogravurista J. Borges, aos 86 anos, vai ocupar todo o espaço da Christal Galeria de Artes, localizada no Pina, Zona Sul do Recife, a partir de hoje. Com a exposição inédita Pernambuco por J. Borges.
A abertura será às 10h e ao longo do dia haverá uma programação especial, com exibição de um minidocumentário sobre o artista, o primeiro produzido pela galeria, e ainda apresentação do cantor Geraldo Maia, na área externa do Christal Café e Bistrô, a partir das 16h.
A mostra traz como temas a riqueza natural e cultural de Pernambuco representadas pelas paisagens do Agreste, do Sertão e da Zona da Mata; além da música, do folclore e personalidades ilustres da cultura nordestina, como Luiz Gonzaga, Ariano Suassuna e Francisco Brennand.
“Esperamos que essa exposição nos aproxime do que o Brasil tem de melhor, como nossa cultura e nosso povo. Assim como de nossos mestres griôs, guardiões de uma sabedoria tão simples e monumental que ficamos nos sentindo pequenos e acolhidos ao seu lado, sonhando que possamos voltar a viver reunidos, respeitando o velho, o novo, o rico e o pobre”, diz J. Borges.
A exposição também terá um foco na religiosidade, a exemplo da representação de Nossa Senhora da Conceição, e em questões sociais, como a falta de água e a presença de Lampião junto aos pobres.
“Decidimos incluir J. Borges no calendário de exposições da Christal Galeria em 2022 diante da grandiosidade de sua obra e de seu percurso, e cientes de que um nome como esse precisa estar em todos os espaços de arte”, destaca a curadora da exposição, Stella Mendes.
TRAJETÓRIA
O medo de ter que trabalhar no canavial foi o que o fez o artista de Bezerros, no Agreste de Pernambuco, vender cordéis aos 20 anos nas praças, feiras, estações e igrejas.
“Dali, aos 29 anos, foi construir suas próprias histórias e criar as impressões para ilustrá-las, tudo como autodidata e alquimista genial, vivenciando a realidade de nosso povo como fonte de inspiração maior”, diz a co-curadora Christiana Asfora Cavalcanti.
O artista pernambucano foi agraciado, em 1999, com a Ordem de Mérito Cultural do Ministério da Cultura, o que comprova a grandiosidade de seu trabalho, que é acompanhado há algumas décadas por pesquisadores e interessados nas raízes culturais nordestinas e brasileiras.
Gabi da Pele Preta e Vinícius Barros vão dividir o palco da Casa Estação da Luz, em Olinda, hoje, às 17h. Os dois já se apresentaram juntos antes, mas desta vez o encontro da cantora caruaruense com o cantor recifense deve ser o início de muitos outros em palcos do interior de Pernambuco e em outros estados.
Juntos, Gabi da Pele Preta e Vinícius Barros vão interpretar um repertório pós13 de maio, digamos. Majoritariamente autoral, mas com inserção de algumas canções da música popular brasileira. Não à toa, a data em que lançam o show em dueto é este 14 de maio, o dia seguinte ao que entrou para a história como sendo o da abolição da escravatura, e que ontem completou 133 anos.
Negros, Gabi e Vinícius questionam com canções a ideia de que negras e negros escravizados ganharam liberdade com a Lei Áurea, diante do contexto em que foi assinada a lei, e mais ainda diante do projeto excludente do Estado brasileiro, que não os incluiu, criando estruturas de opressão e desigualdade mantidas em pé até hoje.
Ao tocar nessas questões e propor reflexão, os artistas dão voz a quem veio antes, para rever o passado, denunciar o presente e poder projetar um futuro em que a vida de todos valham.
Os ingressos custam R$ 60 e R$ 30 (meia) e estão à venda na Sympla.
CARREIRAS
Há na vida e na trajetória musical de Gabi e Vinícius pontos que os unem: ambos cresceram nas periferias de suas cidades e foram introduzidos na música pela vivência nas igrejas evangélicas que frequentavam com suas famílias. Iniciaram profissionalmente cantando em barzinhos, até que o desejo de expandir para os estúdios e os palcos se impôs.
Gabi da Pele Preta prepara o lançamento de seu primeiro EP, e Vinicius Barros produz seu terceiro projeto solo, o álbum Cidadela.