Isolamento registrado em cena, corpo e som
Refletindo sobre fragilidades e potências do isolamento social, o curta-metragem Redoma, realizado pelo pernambucano PV Ferraz, estreia no Recife nesta terça-feira, a partir das 19h30, no Teatro do Parque. O filme foi produzido de forma remota, com exceção dos dois dias de gravação.
Com atuação do bailarino e coreógrafo Dielson Pessôa e trilha sonora do compositor Sam Nóbrega, antes da estreia na capital pernambucana, Redoma foi selecionado para mais de 20 festivais internacionais.
A sessão de estreia — que tem entrada gratuita, necessitando porém da retirada de ingresso na plataforma Sympla — será acompanhada da performance inédita Corpo Quarentena, executa por Dielson com trilha sonora do violoncelista Pedro Huff. Além disso, haverá um debate com mediação do curador e roteirista Márcio Andrade.
Financiado pelo LAB PE 2020, Redoma figurou nas seleções oficiais de 26 festivais e mostras internacionais de cinema e videodança. Entre eles, o Lift-off Global Network (Reino Unido); Lisbon Film Rendezvous (Portugal); Latin & South American Competition (Flórida, EUA); Kalakari Film Festival (Dewa, Índia); Festival de Artes Digitais de Atenas (Grécia) e Festival Entretodos de Curtas e Direitos Humanos (São Paulo).
O CURTA
Com uma estética minimalista, o filme une a linguagem cinematográfica, a expressão corporal e o som numa narrativa construída dentro do próprio apartamento do diretor, PV Ferraz, no Recife. O ambiente subjetivo que traz a atenção para o corpo em cena é marcado pela ausência de diálogos, objetos e variedades de cor.
“’Redoma’ surgiu da necessidade de falar sobre a experiência do isolamento. O medo abateu todo o mundo e o filme foi uma tentativa de, através da arte, dialogar com o tema. A trilha sonora funciona como um porta-voz daquele corpo, sublinhando sentimentos com texturas orgânicas e industriais”, conta Ferraz sobre o processo criativo do projeto.
Para o bailarino e coreógrafo pernambucano Dielson Pessôa, ex-integrante da renomada Companhia de Dança de Deborah Colker, o processo coreográfico do filme foi uma experiência fora da zona de conforto.
“No palco, a dança contemporânea exige explosão e complexidade em termos de repertório de movimentos. E o ‘Redoma’ me trouxe esse grande desafio de reduzir a quantidade dos movimentos e encontrar uma intensidade conceitual e minimalista. Estamos falando de dor, de caos e de vida, vivências muito particulares sobre a pandemia, mas com gestos muito mais simples e profundos”, revela.
O evento de hoje conta com o apoio da Secretaria e Fundação de Cultura da Cidade do Recife, pelo Edital do Recife Virado.