Lia de Itamaracá lança cineclube e videoclipe
AUDIOVISUAL.
Retratada em pelo menos seis filmes de diferentes cineastas, Lia de Itamaracá vai inaugurar um cineclube, sexta-feira (30), na Embaixada da Ciranda, espaço cultural mantido por ela na Praia de Jaguaribe, em Itamaracá, no Litoral Norte de Pernambuco.
O cineclube O Canto da Sereia nasce para fomentar atividades audiovisuais do Centro Cultural Estrela de Lia (que ainda não foi reinaugurado após desabamento causado por chuva), mas também pela atração que a cirandeira exerce sobre o cinema.
Em breve, O Canto da Sereia contará, ainda, com sessão itinerante do Recifest, com a exibição dos curtas Quebra Panela, Crescer Onde Nasce o Sol, Fundo dos Nossos Corações e Adão, Eva e o Fruto Proibido. O Som na Rural também vai marcar presença numa grande roda de ciranda com Lia.
A Ilha de Itamaracá tem se tornado cada vez mais um lugar de produção e, agora com o cineclube, de exibição e discussão sobre o audiovisual.
“O Cineclube celebra a vida e obra dessa cirandeira que é reconhecida no mundo. É sua história que guia o eixo curatorial. No decorrer de oito edições, os filmes vão abordar histórias que enaltecem negros e indígenas enquanto protagonistas, fugindo da tradição de colocá-los somente em papéis secundários ou folclorizados”, conta Ytallo Barreto, que coordena o projeto.
CLIPE
ONa estreia, os visitantes vão assistir ao videoclipe inédito Dorme Pretinho, inspirado nas suas memórias de infância. O trabalho faz um recorte poético de Lia de Itamaracá com sua mãe, Matildes, na ilha que carrega no nome.
O clipe é originário de música adaptada por Beto Hees, produtor de Lia há
Dorme Pretinho,
com direção de Lia Letícia; música é versão de
Duerme Negrito,
famosa com Mercedes Sosa
mais de duas décadas, que traz em sua versão o linguajar e o habitat da infância da cirandeira.
A canção é versão brasileira de Duerme Negrito, original do cancioneiro popular latino-americano, de domínio público, compilada por Atahualpa Yupanqui e gravada na década de 1980 por Mercedes Sosa. A música Dorme Pretinho tem a direção artística de Marcus Preto e direção musical de Pupillo.
“O videoclipe traz alguns personagens, dentre eles o mangue, que era o ‘playground’, de onde Lia resgata as memórias das brincadeiras com os irmãos e amigos e onde Dona Matildes, sua mãe, tirava o sustento da família. O clipe mostra, principalmente, a relação da Maria Madalena [nome de batismo de Lia] com a mãe, através de uma cantiga de ninar, versão adaptada para o universo local, com paisagens de locais ainda preservados”, explica a cineasta Lia Letícia.
As personagens do clipe são todas marisqueiras da Ilha de Itamaracá. Quem interpreta a mãe da cirandeira é Maria Salete Correia do Nascimento, sobrinha de Lia.
NETFLIX
Ainda sobre a presença de Lia de Itamaracá no audiovisual, recentemente, a cirandeira surpreendeu ao participar da série espanhola Santo, lançada no último dia 16, na Netflix, e que tem o ator Bruno Gagliasso como protagonista. As gravações foram realizadas em Madrid e em Salvador (BA) — onde Lia participou das filmagens. Na trama, ela vive uma mãe de santo. A série tem criação de Carlos López-gallego, que divide a direção com o brasileiro Vicente Amorim. Esse é o primeiro projeto original da Netflix realizado entre o Brasil e a Espanha.