Desafios pós-eleição
Arecuperação da economia para a formação de patamares menos difamantes de justiça social, traz desafios que já se põem para os candidatos que lideram as pesquisas de intenção de votos, e aguardam o vaticínio da população no domingo. A definição dos que devem disputar o segundo turno em Pernambuco, por exemplo, já reserva para a breve campanha da reta final – em menos de um mês – a discussão de propostas viáveis para a superação das péssimas condições sociais em que o estado se encontra. Recorte piorado no Brasil, os pernambucanos têm amargado anos difíceis, vendo se ampliar as desigualdades, a miséria nas ruas e a fome nas casas, sobretudo de crianças famintas, como abordamos há alguns dias.
A geração de mais postos de trabalho formais é um dos desafios evidentes. Em agosto, de acordo com os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), foram gerados em Pernambuco menos empregos com carteira assinada do que no mesmo mês do ano passado, por exemplo. O saldo positivo menor ressalta as dificuldades não apenas conjunturais, mas estruturais em um estado que sofre com problemas de gestão e falta de competitividade, até, em relação a outros estados do Nordeste. Se no Brasil inteiro a questão é aprumar o crescimento para a recuperação, em Pernambuco é preciso ultrapassar barreiras criadas nos últimos anos dentro do próprio estado.
O aumento de vagas formais é um indicativo importante para a economia, desde que represente uma tendência que se consolida, na direção de um movimento de ampliação sustentável. Apesar do resultado ter sido o quinto melhor do país, Pernambuco ainda está atrás do Ceará e da Bahia no acumulado de empregos formais criados este ano. Para o governador Paulo Câmara, os números demonstram os efeitos da atração de empreendimento e de investimentos realizados em infraestrutura. Se assim for, vamos aguardar a sustentabilidade da tendência, inclusive elevando o desempenho abaixo do mesmo período do ano passado. Um dos gargalos para isso é que as demissões continuam em alta, tendo sido o segundo maior número em todo o Nordeste, em agosto. Infelizmente, não dá para celebrar ainda.
Os novos governos estaduais terão, a partir de janeiro, a missão de buscar singularidades em seus territórios para alavancar suas economias, sem perder de vista a necessidade de articulação regional e com o governo federal. Há muito a ser feito, em especial na infraestrutura e no resgate do amparo social que signifique a garantia da dignidade em paralelo à oferta de oportunidades para a população. O aumento da pobreza e da fome no Nordeste, com os pernambucanos em destaque, irá requerer dos novos governadores da região uma postura alinhada e firme pelo discurso do desenvolvimento regional. Neste sentido, os investimentos estruturais em energia renovável, saneamento, estradas e habitação, por exemplo, podem e devem ser regidos por agendas conjuntas, visando a melhoria da qualidade de vida dos nordestinos.